terça-feira, 23 de junho de 2015

Opositor venezuelano Leopoldo López termina greve de fome após um mês

O opositor Leopoldo López suspendeu nesta terça-feira (23) a greve de fome em protesto por sua prisão após 30 dias sem comer. Ele é acusado de incitação à violência nos protestos contra o presidente Nicolás Maduro em 2014. A decisão é tomada um dia após o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano marcar para 6 de dezembro a eleição para renovar a Assembleia Nacional. A definição da data era uma das principais exigências da oposição.
 

Em carta lida por sua mulher, Lilian Tintori, López pediu que seus aliados políticos em greve de fome interrompam a paralisação. Ao todo, 103 integrantes de seu partido, o Vontade Popular, pararam de comer em apoio ao dirigente: "A vocês, irmãos e irmãs, peço com o coração na mão que assumamos com humildade as conquistas obtidas neste protesto e que juntos, todos, levantemos a greve. Vamos levantar a greve, mas a luta continua". Ele comemorou a marcação das eleições parlamentares, que vê como um símbolo do início da mudança política na Venezuela: "A unidade e as forças democráticas estão mais preparadas que nunca para esta batalha". López está preso desde fevereiro de 2014 na prisão militar de Ramo Verde, na região de Caracas. Em 24 de maio, ele começou a greve de fome, dois dias após outro colega de seu partido, o ex-prefeito Daniel Ceballos. Além das eleições, ele protestava contra a transferência de Ceballos para uma prisão comum e pela soltura de seus aliados políticos presos após serem acusados pelo governo de incitação à violência. "De amanhã até a data das eleições brigaremos para conseguir o último de nossos objetivos, que é a libertação de nossos presos políticos", disse Lilian Tintori, durante a entrevista coletiva. Embora Leopoldo López tenha pedido o fim da greve de fome a todos os seus seguidores, um grupo de jovens de uma igreja no Estado de Táchira, no oeste venezuelano, decidiu manter a paralisação. As greves de fome de Leopoldo López e de outros opositores venezuelanos provocaram uma série de apoios e visitas de líderes latino-americanos e internacionais. Em 6 de junho, o ditador psicopata Nicolás Maduro cancelou a visita com o papa Francisco depois de ser alvo de protestos de opositores no Vaticano e em cidades da Venezuela. Dias depois, o ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González, foi a Caracas se encontrar com a oposição e tentar participar da defesa de López, mas o governo não autorizou nem a ida à audiência nem a visita de López. Outros que tiveram as idas à prisão militar de Ramo Verde negadas foram os ex-presidentes Jorge Quiroga (Bolívia) e Andrés Pastrana (Colômbia). Ambos fizeram notas de repúdio contra a ditadura de Nicolás Maduro.  Na última quinta (18), foi a vez de senadores da oposição brasileira liderados por Aécio Neves (PSDB-MG) tentarem a visita. O grupo desistiu da viagem após ser alvo de um protesto de chavistas e de ter sua passagem bloqueada no caminho a Caracas. Além deles, também se manifestaram contra as prisões o Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu; o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein; e o arcebispo de Caracas, Jorge Urosa Savino.

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