quinta-feira, 11 de junho de 2015

Polícia Federal investiga 42 empresas que receberam R$ 145 milhões de alvo da Lava Jato


A Polícia Federal investiga uma lista de pelo menos 42 empresas de assessoria, consultoria e prestação de serviços contratadas pela Camargo Corrêa, entre 2008 e 2013, que teriam recebido R$ 145 milhões. Entre elas estão a LILS Palestras Eventos e Publicidade, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Instituto Lula – que não é uma empresa, mas recebeu doação de R$ 3 milhões – e a JD Assessoria e Consultoria, do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). O dado consta do laudo da Polícia Federal subscrito pelo perito criminal federal Ivan Roberto Ferreira Pinto, anexado na última terça-feira, 9, nos autos da Operação Lava Jato, que desbaratou um bilionário esquema de cartel e corrupção na Petrobrás, envolvendo PT, PMDB e PP. A perícia foi realizada na contabilidade da Camargo Corrêa levando em conta o período em que a empreiteira recebeu R$ 2 bilhões da Petrobrás. Além dos R$ 145 milhões pagos pelas consultorias, o documento mostra que a construtora repassou R$ 183 milhões em “doações de cunho político” – destinadas a candidaturas e partidos da situação e da oposição. Os exames foram pedidos pelo delegado da Polícia Federal, Eduardo Mauat da Silva. Eles têm por objetivo “relacionar doações de cunho político realizadas pela empresa Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A. Bem como identificar pagamentos realizados a título e consultoria e/ou prestação de serviços e o total mensal oriundas de contratos junto a Petrobrás, outras estatais e perante quaisquer agentes públicos, no período”. 


Entre as consultorias que tiveram detalhamentos dos pagamentos de R$ 3,6 milhões registrados, estão a Globalbank Aassessoria Ltda que “tem como sócios Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, o PP, ex-ministro do governo Collor, e seu sócio João Mauro Boschiero – ambos investigados na Lava Jato. Há ainda o registro de pagamento de R$ 7 milhões para a PFGB Assessoria e Consultoria, do ex-executivo da Camargo Corrêa Pietro Francesco Giavina Bianchi, entre janeiro de 2008 e dezembro de 2013. O ex-diretor foi preso em 2009 acusado de pagamentos de propina a políticos na Operação Castelo de Areia – que teve o processo anulado em 2011 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a por problemas processuais. 


Na mesma lista de consultorias sob suspeita estão as prestadas pela Treviso Empreendimentos e pela Piemonte do Brasil Empreendimento, do lobista Julio Gerin Camargo. Juntas elas receberam R$ 67 milhões da construtora Camargo Corrêa, nos anos de 2010 e 2012. Segundo o ex-presidente da empreiteira Dalton Avancini, os pagamentos foram feitos “sem terem realizado qualquer serviço”. Desses R$ 67 milhões, os investigadores da Lava Jato identificaram R$ 1 milhão doados na eleição de 2010 para candidatos, como o líder do governo no Senado, Delcídio Amara (PT-MS), e a senadora Marta Suplicy (ex-PT, hoje sem partido-SP). Julio Camargo é apontado como operador de propinas no esquema de cartel e corrupção na Petrobrás, desbaratado pela Lava Jato a partir de março de 2014. Representava comercialmente a Camargo Corrêa e empresas internacionais – como o grupo japonês Mitsui, envolvido no inquérito contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). As doações registradas são oficiais, afirma a Camargo Corrêa, e feitas dentro da legalidade. Investigadores da Lava Jato, no entanto, têm elementos para apontar que os pagamentos a partidos serviram para ocultar propina desviada da Petrobrás bem como contratos de assessoria, como os de Julio Camargo e José Dirceu. No esquema alvo da Lava Jato, que já chegou ao um rombo reconhecido pela estatal de R$ 6 bilhões, PT, PMDB e PP controlavam diretorias da estatal, por meio da qual arrecadavam de 1% a 5% em contratos que eram fatiados por 16 empresas cartelizadas, entre elas a Camargo Corrêa. O laudo da Polícia Federal anexado aos autos da Lava Jato sob a tutela do juiz federal Sérgio Moro é o primeiro documento que traz dados dos negócios de Lula. A Camargo Corrêa tem registrado o pagamento de R$ 3 milhões para o Instituto Lula e mais R$ 1,5 milhão para a LILS Palestras Eventos e Publicidade – com endereço registrado na residência do ex-presidente -, entre os anos de 2011 e 2013. São três pagamentos de R$ 1 milhão cada registrados como “Contribuições e Doações” e “Bônus Eleitoral” para o Instituto, aberto por Lula após ele deixar a Presidência da República, em 2011. No caso dos pagamentos ao Instituto Lula e à LILS eles foram feitos nos mesmos anos: 2011, 2012 e 2013 – em meses distintos. Para o Instituto, dos três pagamentos, dois são registrados como “Doações e Contribuições”: 2 de dezembro de 2011 e 11 de dezembro de 2013. O que chamou a atenção dos investigadores foi o lançamento de 2 de julho de 2012, sob a rubrica “Bônus Eleitoral”. Para o LILS, a empreiteira depositou em conta corrente: R$ 337,5 mil, em 26 setembro de 2011, R$ 815 mil em 17 de dezembro de 2012 e R$ 375,4 mil em 26 de julho de 2013. Lula não é alvo de investigação da Lava Jato. No mesmo documento pericial, constam os pagamentos da Camargo Corrêa para a JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), do governo Lula. Ele é investigado por suposto uso das consultorias para empresas do cartel como forma de ocultar propina para o PT. O laudo pericial aponta que foram lançados como pagamentos entre 2010 e 2011 o valor total de R$ 900 mil, por meio de 10 depósitos bancários. 

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Vitor, costumo ouvir seus comentários, sempre com brilhante lógica, na radio vox. Gostaria muito de alerta-lo, do que chamo de "O ROUBO DO ROMBO". A saber: Quando a ex-presidente da petrobras, deixou vazar, uma avaliação do rombo de 88 bilhões. Isso explodiu no DF, mas a reação foi imediata. No dia seguinte ao da noticia dos 88 bi, inicio-se uma campanha para desviar o foco dos números, com apoio das mídias, passou-se a falar apenas nos milhões, bilhão era proibido. Porque isso? ai vai, a história da comissão dos diretores e partidos/políticos, com os seus magros 3%, possibilitou a mágica de todos esquecerem o overpriced, onde compramos por bilhões o que valia milhões, muitas vezes. Espero ter colaborado, saudações