quarta-feira, 24 de junho de 2015

Procuradoria da República diz que há "suficiente prova" de delito contra executivo lobista da Odebrecht, Alexandrino Alencar

O Ministério Público Federal confirmou nesta quarta-feira, 24, a necessidade de conversão da prisão temporária do executivo da Construtora Norberto Odebrecht, o lobista Alexandrino Alencar, em preventiva, solicitada pela Polícia Federal. Alexandrino Alencar é peça chave para investigadores nas apurações de propina pagas pela petroquímica Braskem – controlada pela construtora em sociedade com a Petrobrás – e no pagamento de partidos e políticos. “A análise dos autos revela a necessidade da decretação da prisão preventiva de Alexandrino de Salles Ramos de Alencar. Há suficiente prova da autoria, assim como da materialidade, de vários delitos praticados pelo investigado”, sustenta a força-tarefa da Lava Jato, em parecer apresentado ao juiz federal Sérgio Moro. Alexandrino Alencar, enquanto diretor da Odebrecht, portanto sob as ordens de seu presidente, Marcelo Bahia Odebrecht, reunia-se com Alberto Youssef e José Janene para negociar pagamento de propina dirigida a grupo político que se beneficiava dos contratos firmados com a Petrobrás”, completa a Procuradoria.


Um dos elementos destacados pelo Ministério Público Federal no parecer são as mensagens trocadas entre o doleiro Alberto Youssef e Alexandrino Alencar. Ex-vice-presidente de relações Institucionais da Braskem entre 2002 (quando ela foi fundada) e 2007 e depois diretor da área na Odebrecht, dona da petroquímica, o executivo seria o “interlocutor de Youssef perante a Odebrecht para negociação de favores, ou propinas, destinadas a José Janene e seu grupo”. O ex-parlamentar, morto em 2010, é a origem das investigações da Lava Jato, a partir das apurações iniciadas em 2006 sobre a lavanderia de dinheiro usada por ele para “esquentar” os recursos recebidos no escândalo do Mensalão do PT. Ex-líder do PP, era ele quem dava as ordens da cota do partido no esquema de corrupção na Petrobrás, que era comandado ainda pelo PT e PMDB. “Constitui-se Alexandrino em importante elo do esquema criminoso, de integrante da organização criminosa ligado à Odebrecht e que efetuava diretamente as transferências de valores no Exterior, nas contas indicadas por Youssef e por Paulo Roberto Costa, posteriormente entregando os comprovantes”, registra a força-tarefa. O pedido feito pela Polícia Federal, nesta terça-feira, 23, dentro da Operação Erga Omnes – 14ª fase da Lava Jato – será apreciado pelo juiz federal Sérgio Moro ainda hoje. ”Tem-se que a prisão preventiva de Alexandrino se justifica totalmente, pois tem amplo conhecimento das contas bancárias no Exterior e que eram empregadas no esquema criminoso, possuindo também plenas condições de ocultar não só os valores remetidos para fora do territórios nacional, como principalmente as evidências probatórias de tais condutas”, argumentam os nove procuradores da Lava Jato. Preso na sexta-feira, 19, junto com o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e outros executivos do grupo, Alexandrino Alencar pediu demissão na última segunda-feira. Para o Ministério Público Federal, o afastamento não tira o risco narrado. “Ainda que tenha Alexandrino Alencar se afastado de sua função na Odebrecht, o investigado continua com totais condições de interferir na prova, seja pelo fato de se constituir de executor destas medidas e portante deter pleno conhecimento de todas as circunstâncias que se as envolvem, seja pelo fato de que possui amplas condições financeiras para tanto". Alexandrino Alencar tinha estrita ligação, no Rio Grande do Sul, com o publicitário Alfredo Fedrizzi, um dos sócios da agência Escala, hoje uma propriedade do publicitário baiano Nizan Guanaes. Alfredo Fedrizzi era o cicerone de Alexandrino Alencar no Rio Grande do Sul. Fedrizzi é o publicitário queridinho do PT gaúcho, fez as últimas campanhas eleitorais do PT, e detém a poderosa conta publicitária do Banrisul, a maior do Estado do Rio Grande do Sul, conquistada no governo do peremptório petista "grilo falante" e tenente artilheiro e poeta de mão cheia Tarso Genro, após fazer sua primeira campanha eleitoral. 

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