segunda-feira, 6 de julho de 2015

Aécio 26 x 1 Alckmin.


Se houvesse uma prévia hoje entre os novos dirigentes dos diretórios estaduais do PSDB para a escolha do candidato do partido a presidente, o senador Aécio Neves (MG), que será reeleito neste domingo para comandar o partido por mais dois anos, teria uma maioria esmagadora. Em conversas reservadas, tucanos pró-Aécio fazem um paralelo com 2010, quando defenderam as prévias entre o senador José Serra (SP) e Aécio: se tivessem sido feitas, teria dado 26 a 1 para Serra. Aécio só tinha Minas Gerais. Hoje, diz um tucano, se houvesse prévias, daria o contrário: 26 pró-Aécio e apenas São Paulo com o governador Geraldo Alckmin. Apesar das manifestações pró-Aécio como o candidato natural, todos, entretanto, têm uma preocupação comum: para os tucanos, a maior armadilha para o partido, que tem chances reais de voltar ao Planalto daqui a 3 anos, é estar rachado para enfrentar o PT. Presidente do partido, Aécio, no entanto, procura minimizar a questão. "Talvez uma das maiores tarefas, nestes dois anos, seja preservar a unidade do partido. E esse discurso é discurso de quem teme muito o PSDB e fica desde já estimulando a nossa divisão. E para isso eu tenho que, infelizmente, dar uma má notícia: nós estaremos unidos e prontos para vencer as eleições para o bem do Brasil", ironiza Aécio. Aécio tem o comando de uma máquina turbinada pelo novo Fundo Partidário e um recall (taxa de conhecimento pelo eleitorado) da última eleição. Mas Alckmin tem nas mãos o comando de São Paulo e terá no Diretório Nacional homens de confiança: o deputado Silvio Torres como secretário geral; o ex-governador Alberto Goldman, que continua como um dos vice-presidentes; e o deputado Eduardo Cury (SP), que será o interlocutor do partido junto aos prefeitos de todo o país, o que permite ter capilaridade no Brasil. O suplente do senador José Serra (SP), o ex-deputado José Aníbal, disputa o comando do Instituto Teotônio Vilela com o deputado José Carlos Hauly (PR). O fato de, em São Paulo, a última pesquisa ter dado Aécio na frente de Alckmin também é “sugestivo”, segundo tucanos. Eles alegam que Aécio fez uma boa campanha e estreitou laços com os políticos nos estados, o que ajudaria bastante. No entanto, Alckmin também tem bom trânsito no partido, mas não foi candidato na última eleição. O discurso para alertar a todos, entretanto, é que o PSDB não pode cair na armadilha e se lançar numa guerra fratricida, porque, se chegar dividido em 2018, perde a possibilidade de vitória contra um PT em crise. Com mais dois anos de mandato no comando do PSDB, Aécio Neves terá a seu favor a máquina do partido para articular sua candidatura nos diretórios estaduais e municipais. Mas os desfechos nas eleições regionais nem sempre foram pacíficos. No Rio Grande do Sul, Aécio teve que intervir para suspender a disputa. Nomeou uma comissão provisória, comandada pelo deputado Nélson Marchezan Jr., seu aliado, que tem resistência nas bases do partido no estado. Ele disputa com Lucas Redecker, favorito. O argumento para a intervenção foi acirramento político e necessidade de manter unidade partidária. Nas eleições dos diretórios de Minas Gerais e de São Paulo, Aécio e Alckmin participaram e demarcaram território. Em Minas, com a eleição do deputado Domingos Sávio, o ato foi mais discreto. Em São Paulo, o deputado estadual Pedro Tobias usou o evento para marcar o lançamento da candidatura de Alckmin a presidente. A partir desse gesto, Alckmin começou a intensificar sua agenda nacional. No discurso, Tobias disse que o país quer “Geraldo presidente”: — Esse é o nosso governador, que cuida de São Paulo. O país precisa de um médico, porque está doente, corrompido. Na avaliação de dirigentes tucanos, se disputar prévias com Aécio, Alckmin pode ter voto nos diretórios das regiões Sul e Sudeste. No Nordeste, Aécio tem apoio consistente. Em Pernambuco, o novo presidente do diretório, deputado Antônio Morais, segue o antecessor, Bruno Araújo, ligado a Aécio. Na Paraíba, Ruy Carneiro é Aécio, como o líder no Senado, Cássio Cunha Lima. No Rio, o deputado Otavio Leite foi eleito. Aecista, evita se posicionar. Mas o deputado Célio Silveira, novo dirigente estadual em Goiás, aposta em uma terceira via: o governador Marconi Perillo, que não pode mais se reeleger. — Uma briga entre Alckmin e Aécio permitirá que o governador Marconi Perillo entre como uma terceira via forte. E alguns poucos tucanos, como o senador Ataídes Oliveira (TO) e o deputado Arhtur Bisneto (AM), reconhecem publicamente a preferência por Aécio. "Pela força que demonstrou nas urnas, não vejo como o partido não encampar a candidatura em 2018", diz Bisneto. "Hoje, o nome pronto, na memória do povo, é o do Aécio. Não vai ter prévia", diz Oliveira. Líder em exercício na Câmara, o deputado Nilson Leitão (MT) diz que o candidato natural é Aécio, mas que só se pode refletir sobre isso quando Alckmin se apresentar: "O tempo de divisão acabou. Aécio saiu da eleição como líder da oposição".

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