domingo, 5 de julho de 2015

Autoridades de Mônaco alertaram que Zelada quis ocultar fortuna

Um dossiê do Principado de Mônaco informou a força-tarefa da Operação Lava Jato que o ex-diretor de Internacional da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, preso na quinta-feira, 2, pela Operação Lava Jato, tentou deslocar sua fortuna de 10,8 milhões de euros - atualmente congelados - para uma subconta sediada em um banco naquele paraíso fiscal. Zelada solicitou que a subconta recepcionasse a carteira de títulos da Rockfield International AS, por ele constituída no Panamá e da qual é beneficiário econômico efetivo. Mas a estratégia do ex-diretor da Petrobras não deu certo. Segundo Mônaco, a instituição financeira (Julius Baer Bank) "não quis dar seguimento a essa solicitação". Os dados sobre Zelada foram enviados ao Brasil pelo Serviço de Informação e Controle dos Circuitos Financeiros do Governo do Principado de Mônaco. O alerta de Mônaco sobre os movimentos de Zelada é datado de 15 de janeiro de 2015. No capítulo "fatos relevantes", o documento destaca que, desde junho de 2014, Jorge Luiz Zelada é objeto de investigação por parte das autoridades judiciais brasileiras. "De acordo com o inquérito policial, ele (Zelada) teria favorecido a empresa brasileira Odebrecht em processos de licitação quando era diretor Internacional da companhia petrolífera brasileira, a Petrobras, função que ocupou de 2008 a 2012". Sucessor de Nestor Cerveró na área Internacional da Petrobras - cota do PMDB na estatal -, Jorge Luiz Zelada foi detido em caráter preventivo por ordem do juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações criminais decorrentes da investigação da Lava Jato. Ele é alvo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, sob suspeita de ter recebido propinas de empreiteiras acusadas de cartelização, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro. Mônaco revelou, ainda, que Zelada mantém relações financeiras com o banco Julius Baer desde 2011, quando da abertura da conta em nome da empresa panamenha Rockfield International. Segundo o relatório de Mônaco, o objetivo da abertura da conta empresarial no Principado era a recepção de ativos por ele mantidos originalmente na Suíça, no banco Lombard Odier Darier Hentsch CIE para investimentos. Mônaco anotou também que o Ministério Público da Suíça teria aberto, em abril de 2014, um inquérito para investigar a prática de lavagem de dinheiro envolvendo Zelada "devidos a atos de corrupção no caso Petrobras após denúncia da Unidade de Informações Financeiras da Suíça". Um mês depois do alerta às autoridades brasileiras, o Principado - acolhendo requerimento da força-tarefa da Lava Jato - bloqueou o dinheiro do ex-diretor depositado no Julius Baer Bank. Na ocasião, o procurador federal Deltan Dallagnol, que integra a força-tarefa, declarou. "Se nós tivéssemos o crime de enriquecimento ilícito, nós estaríamos oferecendo acusação criminal contra Zelada. Porque não o temos, devemos prosseguir nas investigações até alcançarmos provas consistentes para que, aí sim, possamos formular acusações criminais". Na avaliação de Deltan Dallagnol, o enriquecimento ilícito deveria ser classificado como crime: "É uma das lacunas do nosso sistema jurídico".

Um comentário:

Gil Rikardo disse...

Ahhhhhhhhhhhh! Eéééééééééééé´! ENRIQUECIMENTO ILICITO AINDA NÃO É CRIME... ISSO É NOJENTO... NO BRASIL PARECE QUE A ILICITUDE É A REGRA GERAL