quinta-feira, 30 de julho de 2015

Delator Mário Goes diz que OAS pagou propinas no Petrolão do PT usando corretora Advalor


O operador Mário Goes afirmou que a empreiteira OAS pagou propinas relativas às obras do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) por meio da corretora Advalor. A afirmação foi dada em depoimento de delação premiada. Segundo Goes, os repasses corresponderam ao contrato do Consórcio Novo Cenpes, liderado pela OAS, e que incluía ainda as empresas Schahin, Construbase, Carioca Christiani-Nielsen e Construcap. O contrato com a Petrobras foi fechado em 2008 por R$ 849,9 milhões. Mas o valor real pago pela estatal, após 17 aditivos, chegou a R$ 1,8 bilhão. Segundo o delator Pedro Barusco, ex-gerente da estatal, 2% do valor do contrato foi pago como propina — metade para o PT e metade para “Casa”, referindo-se a diretores e funcionários da Petrobras. Mário Góes contou ainda em depoimento que os repasses por meio da Advalor foram combinados com Agenor Medeiros, executivo da OAS, e que a construtora centralizava o repasse de propina também das demais empresas do consórcio. O contato na corretora, informou, era feito por Miguel Júlio Lopes, um dos sócios, que lhe passava valores, a serem entregues em dinheiro a Barusco. Para viabilizar a operação, Goes simulou ser cliente da corretora e abriu uma conta investimento. Segundo ele, era Lopes quem buscava o dinheiro nas sedes das empreiteiras, no Rio e em São Paulo. A OAS, segundo Góes, também fez repasses de propina por meio de uma de suas empresas, a Rio Marine. As propinas somaram R$ 10,2 milhões e envolveram obras dos gasodutos Urucu-Coari (R$ 7,5 milhões) e um aditivo do projeto Pilar-Ipojuca (R$2,7 milhões). Para maquiar a operação, a Rio Marine assinou contrato de falsa prestação de serviços junto a empreiteira. Segundo o delator, a Advalor também repassou propinas para a construtora WTorre, que teria se beneficiado em uma licitação do “projeto Rio Bravo”. Entre R$ 500 mil e R$ 600 mil foram pagos em dinheiro vivo. Goes afirmou que foi à corretora para pegar o dinheiro com Lopes. Todas essas operações, explicou, ficaram registradas em sua conta investimento na corretora. O contrato a que o delator se refere é a construção do estaleiro Rio Grande, pago pela companhia privada Rio Bravo Investimentos DTVM. Goes afirmou que, em determinado momento, a Carioca Christiani-Nielsen deixou de usar o esquema da corretora, adotado pela OAS, e preferiu fazer seus depósitos de propina diretamente, em dinheiro ou em depósitos no Exterior. Para os depósitos, usou a conta Maranelle, no banco Safra da Suíça, que pertencia a Góes. Ao contrário das outras empreiteiras, que faziam remessas em dólar, a empreiteira preferia fazer os repasses internacionais em francos suíços. Lopes, da Advalor, continuou a participar do esquema, pois era ele quem ia buscar o dinheiro em espécie na empreiteira. O delator contou que a propina da Carioca era movimentada por Roberto Moscou e Luís Fernando dos Santos Reis. Moscou foi superintendente da construtora e hoje faz parte do conselho de administração. Reis foi diretor comercial da empresa. Segundo Góes, os depósitos no Exterior corresponderam principalmente às obras que a construtora fez para a Petrobras: Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, no Espírito Santo, e GNL da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Trata-se do Terminal Flexível de Regaseificação de GNL da Baía de Guanabara, que transfere gás natural para gasodutos Sudeste e atende principalmente as termelétricas da região. 

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