quinta-feira, 9 de julho de 2015

Dilma diz que golpista é quem 'prejulga' decisões do TCU e do TSE

A presidente Dilma Rousseff reagiu nesta quinta-feira, 9, em Ufá, na Rússia, às críticas da oposição de que passou por cima do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em recente entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, quando afirmou "Não vou cair". Em resposta, o senador Aécio Neves (PSDB) rebateu acusando o PT de "golpismo" e a presidente de estar se colocando à frente das instituições públicas que apuram eventuais irregularidades em sua gestão e em suas contas de campanha. Segundo Dilma, golpista "é quem prejulga". A troca de acusações começou na segunda-feira, quando a entrevista da presidente veio a público. Na oportunidade, Dilma criticou o movimento de partidos de oposição para planejar seus movimentos políticos na hipótese de a presidente ter o mandato cassado, seja pelo TCU, que analisa as "pedaladas fiscais" do primeiro mandato, seja pelo TSE, em razão de supostas irregularidades no financiamento de sua campanha eleitoral em 2014."Eu não vou cair, isso aí é moleza, é luta política", disse Dilma em resposta.


Na quarta-feira, Aécio Neves afirmou que vê a presidente "acuada, fragilizada". "Uma presidente da República que vem a público para dizer que não vai cair é uma presidente que não se sente segura no cargo", argumentou. "Quero sugerir que as lideranças petistas poupem seus esforços de atacar a oposição e comecem a se preocupar em se defender das gravíssimas denúncias contra a presidente, seja no TCU, seja no TSE." O ex-candidato à presidência pelo PSDB alegou ainda que "golpista é o PT, que não reconhece os instrumentos de fiscalização e de representação da sociedade em uma democracia". Em Ufá, a presidente retrucou Aécio Neves. "Em momento algum da minha entrevista eu passei por cima de nenhuma instituição. O TCU ainda nem deu um parecer definitivo sobre as minhas contas. Eles abriram a possibilidade de nós nos explicarmos, e nós vamos nos explicar bem explicado. A mesma coisa o TSE", sustentou. "É estranho que prejulguem. Estranho que se trate como se tivesse havido uma decisão, quando não houve decisão alguma." De acordo com Dilma, "quem coloca como já tendo tido uma decisão está cometendo um desserviço para a instituição, para o TCU e para o TSE". "Não há nenhuma garantia para que qualquer senador da República, muito menos o senhor Aécio Neves, possa prejulgar quem quer que seja ou possa definir o que uma instituição vai fazer ou não", disparou. "Respeitar a institucionalidade começa por respeitar as instituições, por respeitar suas decisões e o seu caráter autônomo, soberano e independente." A presidente afirmou ainda que não ficaria "discutindo quem é e quem não é golpista", mas a seguir se lançou a nova crítica: "Quem é golpista mostra na prática as suas tentativas, que começam por prejulgar uma instituição". "Não há dentro nem do TCU, nem do TSE, a possibilidade de dizer qual será a decisão. Até porque o futuro é algo que ninguém controla. Nem eu, nem ninguém", argumentou. Questionada sobre as especulações em Brasília de que teria problemas com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, Dilma respondeu: "Eu não. Por quê?". Diante do argumento de que jornais publicaram a informação, a presidente disparou: "Mas, meu filho, você acredita em jornal?". Minutos depois, voltou ao assunto: "Vocês são interessantes. Vocês criam um problema que não existe e aí vocês querem que eu fale sobre ele". Questionada então sobre por que não acredita em jornais, a presidente reiterou: "Porque isso é mentira. Essa é uma prova. É mentira. Não é verdade. Pergunte para ele se é verdade. Ele inclusive foi comigo para os Estados Unidos doente. O que é isso?"

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