quarta-feira, 1 de julho de 2015

Ex-executivo da Andrade Gutierrez diz que reuniões com empreiteiros eram frequentes



O ex-presidente de Óleo e Gás da Andrade Gutierrez, Paulo Roberto Dalmazzo, disse à Polícia Federal, em depoimento na segunda-feira, que se reunia com frequência com representantes de outras empreiteiras. Segundo ele, essas reuniões tinham o objetivo de discutir consórcios e parcerias, e não de combinar resultados das licitações, como denunciaram outros executivos aos investigadores da Operação Lava-Jato. Dalmazzo rebateu acusações feitas por delatores de que ele seria o intermediário do pagamento de propinas envolvendo contratos entre Petrobras e Andrade Gutierrez, pois, na época desses contratos, ele nem trabalhava para a empreiteira. Dalmazzo foi preso em 19 de junho, durante a 14ª fase da operação, que também levou para a cadeia executivos e presidentes dos grupos Andrade Gutierrez e Odebrecht. Das oito pessoas que tiveram aceito o pedido de prisão preventiva nessa etapa da investigação ele é o único que já prestou depoimento. Os demais presos, entre eles Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, devem começar a ser ouvidos pela Polícia Federal semana que vem, segundo o delegado Igor Romário de Paula. Sobre sua relação com Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como arrecadador de propinas para o PMDB, Dalmazzo disse que o conheceu por meio de Elton Negrão, executivo da Andrade apontado como o representante da empreiteira no cartel. Nas palavras de Dalmazzo, Fernando Baiano "já mantinha relações com a Andrade Gutierrez, antes mesmo do seu ingresso na empresa", embora nunca tenha prestado qualquer serviço na sua área. O executivo relatou que manteve contatos apenas profissionais com o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e o ex-gerente Pedro Barusco - os dois últimos são delatores. Durante o depoimento, o ex-presidente de Óleo e Gás rebateu as acusações feitas contra ele ao longo da operação. Em sua delação, Barusco declarou que Dalmazzo seria o intermediário do pagamento de propinas em ao menos dois contratos firmados entre a Petrobras e a Andrade Gutierrez em 2008. Ele alega que só foi trabalhar na empreiteira dois anos depois, em 2010, quando as obras contratadas já estavam prontas. O mesmo argumento foi utilizado para confrontar a acusação de que ele teria envolvimento com o repasse de recursos ilícitos entre a Jaraguá Equipamentos Industriais e a MO Consultoria, controlada pelo doleiro Alberto Youssef. Os repasses considerados suspeitos pelos investigadores ocorreram em 2011, mas Dalmazzo afirma que só começou a trabalhar na Jaraguá em 2013. Os advogados do executivo aguardam o juiz federal Sérgio Moro analisar a revogação da prisão preventiva. O Ministério Público Federal já se manifestou a favor da manutenção da prisão, argumentando que a relação de Dalmazzo com a Jaraguá ainda não foi totalmente esclarecida e que há ao menos outros dois contratos suspeitos entre Andrade Gutierrez e Petrobras que foram assinados durante a gestão dele. 

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