sexta-feira, 3 de julho de 2015

UM EXERCÍCIO SOBRE O FUTURO POLÍTICO NO RIO GRANDE DO SUL

Uma pequena peça se moveu no xadrez político gaúcho, como um peão se deslocando uma casa pelo centro do tabuleiro, em um lance aparentemente comum de abertura de jogo, mas esse movimento pode encerrar todo o jogo que virá pela frente, até um xeque mate final. O movimento foi a intervenção decretada pela direção nacional do PSDB na secção regional do Rio Grande do Sul, derrubando toda a executiva estadual do partido e impedindo a realização de convenção. Assumiu a presidência do PSDB no Rio Grande do Sul, como interventor nomeado pelo senador Aécio Neves, presidente nacional do partido, o deputado federal Nelson Marchezan Junior. Em primeiro lugar, cabe uma constatação: Marchezan Junior já conseguiu o que queria, a candidatura à prefeitura de Porto Alegre. Ele desejava ter sido o candidato três anos atrás. Foi brecado pelo grupo do ex-governadora Yeda Crusius. Se não tivesse havido a intervenção, ele também teria suas pretensões brecadas no próximo ano. Agora será candidato. Com quais chances? É difícil dizer, mas também é fácil afirmar que ele tem poucas chances, antes de tudo porque é uma pessoa de difícil trato. Por que políticos têm tanto interesse em uma candidatura quando sabem que as chances são escassas? Primeiro, porque a eleição populariza a imagem do candidato, e o projeta para a eleição seguinte, a que realmente interessa, quando precisa renovar o mandato de deputado federal. Segundo, porque uma eleição abre acesso até o dinheiro. Além desta primeira questão resolvida pela Executiva Nacional, com a intervenção no PSDB do Rio Grande do Sul, o que parece é que está em curso um outro amplo e grande movimento de peças, com envolvimento de rainha, bispos, cavalos e torres, além de toda a peonada. A "rainha" é a senadora Ana Amélia Lemos. A intervenção prepararia o ingresso dela no PSDB, na próxima janela eleitoral, carregando uma legião de gente do PP gaúcho. Alguns calculam que ela levaria consigo até 60% do partido no Rio Grande do Sul. Assim, Ana Amélia Lemos teria o controle de uma máquina partidária, o que não tem hoje no PP, e nem teria, porque os dirigentes progressistas no Estado negam a ela esta possibilidade. No PSDB, Ana Amélia Lemos lançaria então a sua candidatura novamente ao governo do Estado, reunindo grandes chances de se eleger, melhores do que as do ano passado. Por que? Porque o PT, seu grande algoz, que levantou contra ela as mais infames acusações e torpezas, agora está esfrangalhado. Não restou figura de proa no partido no Rio Grande do Sul. O PT não consegue sequer ter um candidato à prefeitura de Porto Alegre, depois do fiasco "Adão Villaverde". O PDT não tem nome para a empreitada. O PMDB esgotou a lista de nomes de seus cardeais com José Ivo Sartori. O PTB é carta fora do baralho. E o próprio PP, sem Ana Amélia Lemos, não tem ninguém de projeção. Ou seja, visto a partir de hoje, o cenário seria amplamente favorável a ela nessa nova empreitada. Tenha a certeza: o cenário aqui desenhado não saiu da cabeça do editor de Videversus. Mas, está em pleno curso.

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