segunda-feira, 20 de julho de 2015

VEJA O QUE DIZ A COLUNA DE RICARDO COSTA, HOJE, NO JORNAL EXPRESSO, DE PORTUGAL

A operação Lava Jato já salpica Portugal
À hora a que ler este Expresso Curto já abriram os bancos na Grécia, ao fim de três semanas de portas fechadas. Ainda há controlo de capitais, limites de levantamentos semanais de €420, novas taxas de IVA em muitos serviços e, acima de tudo, muita confusão política em Atenas – como novos ministros - e Europa fora, com enorme tensão pública entre Angela Merkel e o seu poderoso ministro das Finanças, com os dois a já não terem problemas em assumir publicamente as suas divergências. Disto tudo há de haver muita notícia dia fora. Vamos então aos salpicos transatlânticos dessa mega operação judicial que dá pelo eficiente nome de Lava Jato. A operação está nas mãos de uma equipa de Curitiba, cidade bem distante dos centros políticos do Brasil, e corre implacavelmente há muitos meses, liderada por uma equipa de procuradores que podia fazer parte dum filme de Michael Mann sobre Chicago. A investigação no Brasil partiu da Petrobras, de onde foram desviados milhares de milhões de dólares, e seguiram em dois sentidos: empreiteiros e políticos. Como sabemos estas duas coisas andam muitas vezes de mão dada e é, assim, que poucas semanas depois de terem levado à prisão os patrões das maiores construtoras do Brasil, a investigação aperta o cerco a Lula, ex-Presidente da República e senhor todo-poderoso do “seu” PT, que já pediu formalmente para que o inquérito seja suspenso. Foi exatamente o cerco a Lula que salpicou Portugal. O ex-Presidente brasileiro foi muitas vezes pago pela Odebrecht – a maior construtora do Brasil – para fazer conferências mundo fora. Numa delas - nos 25 anos da construtora em Portugal – fez a apresentação pública do livro de José Sócrates. Noutra visita encontrou-se com Pedro Passos Coelho para tentar interceder pela Odebrecht na privatização da EGF, a Empresa Geral de Fomento. Neste momento ainda é muito difícil perceber o que isto pode dizer até porque já todos sabíamos quem tinha pago a vinda de Lula quando apresentou o livro de Sócrates e que a Odebrecht perdeu a corrida à privatização da EGF para a portuguesíssima Mota Engil. Mas o melhor é estarmos atentos porque os procuradores de Curitiba não têm vontade de parar.

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