segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Bovespa fecha em queda de 3%, menor patamar desde 2009; dólar, em R$ 3,55, maior desde março de 2003

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, fechou nesta segunda-feira com queda de 3,03%, no menor patamar em mais de seis anos, influenciado pela onda de pânico que dominou os mercados globais por temores ligados à desaceleração da economia chinesa. O giro financeiro totalizou 7,3 bilhões de reais. No pior momento, logo após a abertura, o índice de referência do mercado acionário brasileiro chegou a desabar 6,5%. As principais bolsas da Europa, dos Estados Unidos e da Ásia tiveram o pior dia desde 2008 e encerraram o pregão desta segunda-feira com fortes perdas, pressionadas pelo tombo nas ações da China e novos temores sobre o crescimento global. Nesta segunda-feira, o Xangai Composto, principal índice acionário chinês, fechou em queda de 8,5%, anulando os ganhos de todo o ano. A sessão européia começou tensa, com uma forte onda de vendas. As bolsas de Frankfurt, Paris e Madri chegaram a cair 7%, mas reduziram as perdas no fim dos negócios. O índice europeu Stoxx 600 fechou em queda de 5,33%, aos 342,01 pontos, o maior recuo porcentual desde o auge da crise financeira mundial, em dezembro de 2008. Se a queda do índice prosseguir nos próximos dias, agosto poderá terminar como o pior mês desde setembro de 2002, quando foi registrado recuo de 14,1%. O temor de um colapso dos preços das commodities também afetou as negociações das ações em Frankfurt. Assim, as ações da RWE recuaram 9,11% e da E.ON perderam 8,60%. O índice de referência DAX teve baixa de 4,70%, para 9.648,43 pontos. A Bolsa de Paris fechou em queda de 5,35%, aos 4.383,46 pontos, o maior recuo desde novembro de 2011. As ações de companhias altamente expostas à China se destacaram entre as perdas – os papéis da siderúrgica ArcelorMittal recuaram 9,48% e da empresa de energia Total cederam 7,90%. O índice FTSE-MIB, da Bolsa de Milão, recuou 5,96%, fechando em 20.450,43 pontos. A Bolsa de Madri caiu 5,01%, para 9.756,60 pontos, e a de Lisboa cedeu 5,80%, para 4.981,26 pontos. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones registrou a maior queda diária em pontos de sua história no início do pregão desta segunda-feira, de 1.089 pontos. Antes da abertura do mercado em Nova York, os futuros do Dow Jones, da Nasdaq e do S&P 500 chegaram a cair cerca de 5%. O NYSE Group, operador da Bolsa de Nova York, invocou a raramente usada “regra 48″, que relaxa algumas regras de operação na tentativa de garantir uma abertura suave dos negócios. A regra é usada quando as operações antes da abertura da sessão regular estão especialmente voláteis. No fechamento das bolsas americanas, o índice Dow Jones caiu 3,57%, enquanto o S&P 500 recuou 3,94% e a Nasdaq caiu 3,92%. Os temores com a economia da China também fizeram com que as commodities tivessem forte baixa, prejudicando o desempenho de ações de mineradoras e petroleiras. Em Londres, o índice FTSE-100, onde essas companhias têm bastante peso, teve a décima sessão consecutiva em queda e fechou em baixa de 4,67%, aos 5.898,87 pontos. Essa foi a maior queda porcentual diária desde março de 2009. Entre as principais baixas, os papéis da Glencore recuaram 13,02% e da BP perderam 7,32%. O dólar fechou com alta superior a 1,5% nesta segunda-feira, no patamar de 3,55 reais, o maior nível em 12 anos. A valorização frente ao real reflete a intensa aversão ao risco dos investidores que, com o derretimento das bolsas chinesas, preferem aplicar o dinheiro em ativos e dívidas de países considerados mais seguros, como Estados Unidos e Europa. Em números mais precisos, a moeda subiu 1,62%, a 3,55 reais na venda, maior cotação de fechamento desde 5 de março de 2003, quando foi negociada a 3,55 reais. No ano, até agora, o dólar já subiu 33,62%. Na máxima da sessão de hoje, o dólar chegou a se valorizar 2,43%, indo a 3,58 reais, nível mais alto no intradia desde 27 de fevereiro de 2003, quando alcançou 3,60 reais. A alta, no entanto, perdeu a força, seguindo o movimento dos mercados externos e o noticiário econômico positivo – nesta segunda, o governo anunciou que vai cortar 10 dos 39 ministérios. “O mundo, de fato, ‘derreteu’ hoje. As medidas adotadas pela China para incentivar a economia não foram suficientes para segurar a desvalorização do mercado acionário chinês. Primeiro, o governo estimulou uma forte desvalorização do iuane. Depois, elevou a quantidade de títulos que as companhias de seguros podem deter e prometeu mais crédito para financiar operações em bolsa. Isso não foi suficiente”, afirmou o analista da Gradual Investimentos André Perfeito. “São forças de pânico, não há racionalidade. Em um dia como hoje, não há nada a fazer: é esperar e ver o quanto o dólar sobe”, avalia o economista da 4Cast, Pedro Tuesta. Ele ressaltou, no entanto, que o avanço visto mais cedo foi exagerado. Além disso, ponderou que, “se não houver recuperação (da China), o Fed preferirá adiar (a alta dos juros). Os danos foram significativos”, referindo-se ao Federal Reserve, banco central norte-americano, que está na iminência de elevar os juros nos Estados Unidos. As bolsas de Xangai e Shenzhen desabaram mais de 8% nesta sessão, reforçando o quadro de preocupações com a China, que vem afetando o apetite por ativos de risco, como aqueles denominados em reais, nos mercados globais. “A China deu início ao pânico no mundo hoje. Aliado a isso, a gente tem grande vulnerabilidade por causa das incertezas políticas”, disse o especialista em câmbio da Icap Corretora, Ítalo Abucater, para quem o dólar deve chegar a 4 reais ainda este ano, mas encerrará 2015 no patamar entre 3,70 e 3,80 reais. 

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