segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Bradesco compra HSBC no Brasil por US$ 5,2 bilhões


O Bradesco comprou todo o conglomerado do HSBC no Brasil por US$ 5,2 bilhões. O anúncio formal foi feito na madrugada desta segunda-feira, em Londres, depois de mais de dois meses de negociações e uma disputa que teve entre os candidatos ao negócio o espanhol Santander e o Itaú Unibanco. A compra vai permitir ao banco brasileiro ultrapassar a marca de 30 milhões em clientes e cerca de R$ 1,193 trilhão em ativos no País. A operação, portanto, garante que o Bradesco encoste em seu principal concorrente, o Itaú, praticamente eliminando a distância existente desde a fusão com o Unibanco. No fim de março, o Itaú tinha R$ 1,295 trilhão em ativos. "Para o Bradesco, a aquisição possibilitará ganho de escala e otimização de plataformas, com aumento da cobertura nacional, consolidando a liderança em número de agências em vários Estados, além de reforçar sua presença no segmento de alta renda", destaca o Bradesco, em fato relevante, assinado por Luiz Carlos Angelotti, diretor executivo e gerente de relações com investidores do banco. "A aquisição permitirá, também, a expansão de suas operações, com a otimização de oportunidades e aumento da gama e do diferencial dos produtos que são oferecidos no Brasil, especialmente nos mercados de seguros, cartão de crédito e administração de fundos (asset management)", acrescenta a instituição. A conclusão da operação depende de aprovações regulatórias. Nesta segunda-feira, o HSBC informou, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que espera que a venda da sua unidade brasileira para o Bradesco esteja concluída até o segundo trimestre de 2016, quando será feito o pagamento do negócio. O HSBC reafirmou que vai manter uma presença modesta no País com um banco de atacado para atender os clientes internacionais. "Esta transação proporciona excelente valor para os acionistas e representa a entrega significativa das ações anunciadas em junho", destacou o HSBC, em relatório. Segundo reportagem do Financial Times da última sexta-feira, os executivos do HSBC tinham pressa de fechar o negócio antes da divulgação de resultado, para que a instituição financeira pudesse mostrar aos acionistas e analistas a evolução de seu plano estratégico. Nas últimas semanas, executivos do Bradesco estavam em Londres para negociar os detalhes. A demora no anúncio, segundo fontes, chegou a despertar uma possível preocupação em relação à conclusão da venda. A negociação não foi fácil. O Bradesco, de acordo com fontes, teria sido bem exigente nas condições da aquisição, o que fez com que o HSBC mantivesse o Santander na disputa, caso o acordo com o Bradesco não fosse bem sucedido. Na semana passada, o presidente do banco espanhol no Brasil, Jesús Zabálza, chegou a dizer que a instituição ainda estava na disputa. Além da operação de varejo do HSBC, o Bradesco ficará também com a plataforma de atacado, que inclui a área de corporate sales (de derivativos e câmbio). Toda a unidade gera receitas anuais de R$ 1 bilhão, conforme a fonte. O valor a ser pago pelo Bradesco, de US$ 5,2 bilhões, ficou acima das expectativas do mercado que indicavam algo em torno de US$ 4,1 bilhões - já que a filial brasileira vinha registrando prejuízo. Com a venda, o banco inglês deve estruturar no Brasil uma operação de atacado do zero, usando a mesma licença ou solicitando uma nova para atuar. Executivos do HSBC já foram sondados para a nova operação. Uma pequena lista com nomes de candidatos a ficar no HSBC foi passada para o Bradesco.

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