segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Collor chama Janot de "fascista" e mostra vídeo sobre a busca da Polícia Federal em seu imóvel funcional


Fernando Collor de Mello (PTB-AL), senador e ex-presidente da República, fez novo discurso na tribuna do Senado nesta segunda-feira com ataques ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chamando-o de “fascista”. Collor foi denunciado na semana passada em um processo relativo à Operação Lava-Jato. O senador exibiu ainda um vídeo de cerca de dois minutos de um bate-boca na porta do seu apartamento funcional, alvo de busca e apreensão no mês passado por ordem do Supremo Tribunal Federal. Collor defendeu ainda que seja rejeitada a recondução de Janot, a quem chamou também de "sujeitinho a toa". "É esse tipo, sujeitinho a toa, de procurador-geral da Republica, da botoeira de Janot, que queremos entregar à sociedade brasileira? Possui ele a estabilidade emocional, a sobriedade que sempre lhe falta nas vespertinas reuniões que ele realiza na procuradoria? Possui ele a estabilidade emocional, repito, a sobriedade, o perfil democrático e mais do que isso, está ele dotado da conduta moral que se exige para um cargo como esse? Não, senhoras e senhores. Não me parece ser este o caso", afirmou. No vídeo, procuradores e delegados da Polícia Federal impedem que integrantes da Polícia Legislativa do Senado entrem no apartamento. O diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, argumenta que como é um imóvel funcional o órgão que dirige deve acompanhar a diligência. Os investigadores refutam. Carvalho tenta forçar a entrada, enquanto os representantes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal impedem o acesso. No bate-boca, um dos investigadores empurra Carvalho. "Se retire! O senhor não é objeto do mandado!" – diz um dos investigadores. "Estão causando nulidade no processo", responde o diretor da Polícia do Senado. Collor leu ainda da tribuna relatórios dos representantes da Polícia do Senado nos quais eles destacam que a operação de busca começou as 5h40 da manhã e que haviam “placas frias” nos carros dos investigadores. O senador destaca ainda que os vigilantes foram impedidos de acionar a Polícia do Senado, sendo, inclusive, mantidos junto a investigadores para impedi-los de fazer o contato. "A verdade é que infelizmente a equipe do senhor Janot pode às 5h40 da manhã, mesmo sem apresentar mandado judicial, pode arrombar um apartamento funcional e invadir a privacidade de qualquer senador. Hoje fui eu, amanhã pode ser qualquer um de nós. Até quando vamos permitir esse estado policialesco que a Procuradoria Geral da República pretende implantar?" – questionou Collor. O senador prosseguiu afirmando que Janot atua com arbitrariedade e abuso de autoridade. E chamou o procurador-geral de fascista: "Trata-se afinal de um fascista. Trata-se o senhor Rodrigo Janot de um fascista da pior extração e cuja linhagem pode ser refletida nas palavras de Plutarco. Nada revela mais o caráter de um homem do que seu modo de se comportar quando detém um poder e uma autoridade sobre os outros: essas duas prerrogativas despertam toda paixão e revelam todo vício”, afirmou Collor. O senador chamou o procurador-geral ainda de “figura tosca”, repetiu acusações sobre a atuação de Janot à frente da Procuradoria Geral da República e afirmou que encaminhará todo o material sobre a busca no seu apartamento funcional à Mesa Diretora da Casa. A Polícia Federal reiterou que o mandado e a diligência cumprida no apartamento funcional de Collor tinham caráter sigiloso. Por esse motivo, o mandado só poderia ser apresentado a um morador do apartamento ou advogado indicado pelo senador. O 1º vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), afirmou que a Mesa Diretora do Senado precisa se inteirar sobre as informações trazidas por Collor. Ressaltou, porém, que é preciso se manifestar em defesa do servidor Pedro Carvalho. Não fez menções a Janot. Collor afirmou que não rebateria o mérito da denúncia contra ele porque não teve acesso ainda. Criticou o fato de a denúncia estar protegida por segredo de Justiça. Reclamou também de dois depoimentos seus terem sido cancelados pelos investigadores, e a denúncia ter sido apresentada sem que fosse ouvido. O senador tem feito diversos ataques a Janot nas últimas semanas na tentativa de criar embaraços para a recondução do procurador-geral, que será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado nesta quarta-feira. Ele apresentou um voto em separado no qual incluiu nos autos cinco petições que pedem a destituição de Janot, além de dois processos em andamento no Tribunal de Contas da União sobre contratos firmados pela Procuradoria Geral da República. Na semana retrasada, em um dos pronunciamentos, Collor chegou a xingar Janot da tribuna. O ex-presidente é investigado na Lava-Jato sob a acusação de recebimento de propina em contratos da BR Distribuidora. A Procuradoria Geral da República já estimou em R$ 26 milhões o montante recebido pelo grupo do qual Collor faz parte entre os anos de 2010 a 2014. 

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