quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Delator na Lava Jato muda versão sobre pagamento de propina de US$ 6 milhões


Primeiro empresário do setor do petróleo a se tornar delator na Operação Lava Jato, o ex-executivo da Setal Óleo e Gás Augusto Ribeiro de Mendonça Neto mudou sua versão sobre pagamentos de US$ 6 milhões (R$ 21,3 milhões, pelo câmbio de hoje). Convocado por Moro, ele está depondo novamente nesta quinta (27). Quando depôs no curso da ação penal que investiga corrupção e lavagem de dinheiro em dois projetos da Repar (Refinaria Getúlio Vargas, PR), Mendonça havia dito que o destinatário do valor era o então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, indicado pelo PT para o cargo. Nas alegações finais apresentadas na semana passada, a defesa de Mendonça realizou uma "correção": "Parte dos valores (aproximadamente US$ 6 milhões) que transitaram nas contas das empresas de Adir Assad foram remetidos para uma empresa de Augusto Mendonça, no exterior, empresa esta já encerrada. Portanto, é errado afirmar que todos os valores que transitaram em referidas contas foram entregues para o Sr. Renato Duque". Foram os advogados do empresário Assad, que responde a acusações de lavar dinheiro de grandes empreiteiras, que apontaram a Moro a mudança de versão. Mendonça, que fechou acordo no ano passado, foi o primeiro empresário a afirmar que parte da propina devida ao PT por contratos na diretoria de Serviços era quitada por meio de contribuições oficiais ao partido. A Setal Óleo e Gás integrou, ao lado da Mendes Júnior e da MPE Projetos, o consórcio Interpar que ganhou licitação para executar as obras das carteiras de gasolina e coque da Repar por R$ 2,25 bilhões – que teriam gerado R$ 86 milhões em propinas para ex-diretores da Petrobras, ao PT e ao PP, segundo o Ministério Público Federal. Mendonça não é o primeiro delator a alterar o conteúdo de seu depoimento após ter fechado acordo de delação. Em julho, o lobista Julio Camargo implicou o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o recebimento de propina de US$ 5 milhões e apontou o ex-ministro José Dirceu como beneficiário de suborno de contratos da Petrobras. Quando selou o pacto para colaborar em 2014, Camargo havia negado ter informações sobre políticos com foro privilegiado. Ele depôs contra Cunha após o Ministério Público Federal ter encontrado indícios de que ele vinha omitindo informações e ameaçou cancelar o acordo.

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