terça-feira, 11 de agosto de 2015

Dólar sobe mais de 1% e fecha a R$ 3,498 com desvalorização da moeda produzida pelo Banco Central chinês


A decisão do Banco Popular da China de intervir no câmbio repercutiu nos mercados financeiros do mundo todo. No Brasil, a desvalorização do yuan fez com que o dólar comercial retomasse a trajetória de alta diante do real. A moeda americana fechou cotada a R$ 3,496 na compra e a R$ 3,498 na venda, alta de 1,59%. Outras moedas de países emergentes também foram afetadas. Já na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o índice de referência Ibovespa recuou 0,57%, aos 49.072 pontos. "O yuan se desvalorizou e levou junto todas as moedas dos países emergentes. O dólar teve uma alta forte em diversos países emergentes", explicou Luis Fernando Moreira, operador da Dascam Corretora de Câmbio. O Banco do Povo da China (o Banco Central chinês) decidiu desvalorizar o yuan ante o dólar em 1,9% nesta terça-feira. O objetivo é estimular as exportações do país asiático. Essa intervenção levou a uma desvalorização das moedas de países exportadores — especialmente decommodities. O dólar australiano perde 1,62% ante o dólar americano e o de Cingapura, 1,60%. Variação também acima de 1% é registrada nos negócios com o rand sul-africano e com o peso mexicano. Além desse ajuste nas moedas, há o temor de que novas rodadas de desvalorização possam ser feitas. Aumenta a sensação de que o governo chinês está trabalhando com uma desaceleração acima do divulgado até agora, e por isso tomou essa decisão. Esse possível enfraquecimento maior da economia chinesa, segundo Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset, derruba o preço das matérias-primas, o que tem impacto nos mercados dos países emergentes e exportadores, como o Brasil. Para Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset, há a sensação de que a ação da China, na verdade, pode indicar uma desaceleração ainda maior da segunda maior economia do mundo. "Fica a impressão que decisão da China seja porque eles, internamente, estejam vendo uma desaceleração bem mais forte do que está sendo noticiado pro mundo . Por isso a Vale e as siderúrgicas acabam caindo mais", diz. Alexandre França gestor da Arbitral Gestão de Recursos, lembra que, apesar da desvalorização ter sido de apenas 1,9%, há o temor de que o governo chinês volte a enfraquecer a sua moeda, pressionando, assim, moedas de todo o mundo. No comunicado do Banco Popular da China, há a ressalva de que o movimento foi único, mas há uma grande desconfiança em relação às intervenções que estão sendo feitas no mercado financeiro chinês. "Essa desvalorização da moeda na China é um movimento ruim para o mercado. Acabou fomentando uma preocupação global, o que afetou o preço das commodities, o que também explica a queda da Bolsa", avaliou França. Outra consequência da ação do Banco Central chinês é que agora um maior número de analistas e economistas passou a descartar o aumento da taxa de juros do Federal Reserve para setembro, embora ainda seja uma possibilidade. O ambiente político segue sendo outro fator de atenção. "Internamente o real deverá retomar a trajetória de desvalorização, acompanhando o movimento externo em decorrência da ação do Banco Central chinês, em meio às articulações do Planalto para recomposição da base aliada", afirmou, Ricardo Gomes da Silva, analista da Correparti Corretora de Câmbio, lembrando que o cenário político interno continua a ser um fator de preocupação. Mas, apesar de ganhar força ante a moedas de países emergentes, o "dollar index", indicador medido pela Bloomberg e que verifica o comportamento da divisa ante uma cesta de dez moedas, está com pequena variação positiva de 0,04% no momento do encerramento dos negócios no Brasil, o que mostra que, em relação às moedas consideradas fortes, o dólar ganha menos força. A desvalorização repentina do yuan também fez estragos na Bolsa nesta terça-feira. As ações da Petrobras e da Vale tiveram fortes quedas no horário tradicional de negociação, deixando o Ibovespa em terreno negativo. Essa queda ocorreu porque o preço das matérias primas no mercado global também caiu, acompanhando a desvalorização das moedas de países emergentes. As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras registraram desvalorização de 1,21% e terminaram o pregão cotadas a R$ 9,83. Já as ordinárias (ONs, com direito a voto) recuaram 0,36%, a R$ 10,97, movimento que acompanha a queda do petróleo no mercado internacional. O barril do tipo Brent caía 2,10% no encerramento dos negócios no Brasil. Mesmo comportamento tiveram os papéis da Vale. As PNs da mineradora caíram 5,11% e os ONs registraram variação negativa de 3,88%. Entre as siderúrgicas, a Gerdau caiu 6,68% e a CSN recuou 3,75%. No caso da Usiminas, a queda foi de 3,32%. Também com liquidez e participação relevante na composição da carteira do Ibovespa, o setor bancário também operou em queda. As ações preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuaram, respectivamente, 0,21% e 0,04%. No caso do Banco do Brasil, a queda foi de 1,24%. 

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