quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Egito inaugura o novo canal de Suez

Banners espalhados pelo aeroporto do Cairo, carimbo especial para o visto de entrada e outdoors estrategicamente postos no caminho até o centro da cidade anunciam a quem chega que o Egito entrega nesta quinta-feira (6) seu "presente para o mundo". É assim que a expansão do canal de Suez, que permitirá dobrar até 2023 o fluxo diário de embarcações, tem sido vendida ao público externo pelo presidente Abdel Fattah al-Sisi, alvo de críticas por seu governo autoritário. Para o público interno, a promessa é que o Novo Canal de Suez, como vem sendo chamado, significará o "renascimento do Egito", país que enfrenta instabilidade política desde 2011, após a queda do regime do ditador Hosni Mubarak, e insegurança – além de desemprego de 13% e inflação acima de 11%. A seu favor, Al-Sisi tem o fato de ter concluído uma obra dessa magnitude em um terço do tempo inicialmente estimado – foi feita em apenas um dos três anos previstos – e de os US$ 8,5 bilhões gastos no projeto terem sido arrecadados com a venda de certificados de investimento em apenas oito dias em 2014. A obra permitirá, segundo estimativas do governo, um aumento na arrecadação de US$ 5,3 bilhões para US$ 13,2 bilhões até 2023. Para Angus Blair, presidente do Instituto Signet, no Cairo, o discurso de afirmação e de forte carga patriótica pode melhorar a imagem de Al-Sisi dentro e fora do país. "É um projeto nacional, construído em tempo muito curto, do qual os egípcios estão muito orgulhosos e que está fazendo com que os investidores olhem o Egito de forma mais séria – e isso é difícil de colocar em números", afirmou Blair. No poder desde que liderou a deposição do islamita Mohammed Mursi, em julho de 2013, o ex-chefe do Exército Al-Sisi declarou a Irmandade Muçulmana grupo terrorista, marginalizando seus seguidores, e endureceu a resposta a opositores. Para a cerimônia de inauguração, nesta quinta-feira, em Ismailia, na margem ocidental do canal, Al-Sisi conseguiu garantir as presenças do presidente francês, François Hollande, e do premiê russo, Dmitri Medvedev. Participarão ainda o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e o premiê grego, Alexis Tsipras. A expansão do canal de Suez envolveu a construção de uma nova "faixa", de 35 km, paralela ao canal já existente, e a dragagem de um trecho de 37 km para torná-lo mais profundo e largo, permitindo a travessia de navios maiores. Segundo o governo, foram retirados 260 milhões de metros cúbicos de areia. Com isso, em mais da metade (115,5 km) dos 193 km do trajeto poderá ocorrer a passagem simultânea de embarcações nos dois sentidos. A estimativa é que, até 2023, o número de embarcações que cruzam o canal por dia passe de 49 para 97. 

Nenhum comentário: