segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Financial Times diz que se Dilma fosse removida do poder, "outro medíocre a substituiria"


O jornal Financial Times publicou nesta segunda-feira, 17, editorial sobre a crise brasileira e a presidente Dilma Rousseff. A publicação afirma que, apesar dos pedidos de impeachment, a presidente tende a continuar no cargo porque o Congresso também está metido em corrupção e resiste “em puxar o gatilho”. Além disso, caso “Dilma seja removida, provavelmente haveria outro político medíocre para substituí-la”. O Financial Times diz que a perda do grau de investimento continua sendo uma possibilidade real e “não há maneiras óbvias de quebrar o impasse” na economia. A edição impressa desta segunda-feira do jornal britânico dá bastante destaque ao Brasil. Na primeira página, a principal foto mostra as manifestações contra o governo realizadas ontem com o título “Protestos no Brasil colocam mais pressão sobre Dilma”. Nas páginas internas, a publicação tem uma reportagem sobre as manifestações e, além disso, um editorial sobre a crise brasileira. “Um esquema de corrupção alastrado na Petrobrás, investigado por procuradores independentes com admirável vigor, tem revelado quão venais são os políticos brasileiros, especialmente do Partido dos Trabalhadores”, diz o editorial que lembra que mais de US$ 2 bilhões foram desviados e destaca a atual fraqueza de Dilma: “Como a senhora Rousseff era presidente do conselho quando muito dessa corrupção teve lugar, ela pode ser culpada pelo menos de grande incompetência”. O jornal lembra, porém, que as investigações sobre a Petrobrás não relacionam Dilma Rousseff e não há nenhuma acusação contra a presidente. O jornal explica que há acusações de desrespeito às regras de financiamento eleitoral e maquiagem das contas públicas. As duas acusações poderiam levar a um impeachment, mas tudo isso aconteceu no primeiro mandato, diz o jornal. Mesmo que as acusações prevalecessem sobre o segundo mandato, o Financial Times nota que o apoio do Congresso para o impedimento não seria fácil. “Os políticos, que também estão envolvidos em corrupção, estão relutantes em puxar o gatilho. Enquanto isso, o partido de centro-direita de oposição PSDB está feliz em ver Rousseff sofrendo essa agonia. O PSDB espera chegar às eleições presidenciais de 2018 com o PT completamente desacreditado e com um mandato claro para adotar reformas liberais”, diz o editorial. “Além disso, mesmo que Dilma seja removida, provavelmente haveria outro político medíocre para substituí-la e, em seguida, tentar adotar o mesmo programa de estabilização econômica que ela está tentando fazer”, continua o Financial Times. O editorial voltou a cobrar reformas econômicas. O texto diz que a atitude “cada um por si” do Congresso diante da operação Lava Jato paralisa o andamento das medidas econômicas encaminhadas pelo governo. Por isso, o editorial diz que “um rebaixamento do Brasil para o status especulativo continua a ser uma possibilidade real”. “Se isso acontecesse, ainda mais investimento deixaria o País, e a economia iria piorar ainda. Nesse meio tempo, não há maneiras óbvias para quebrar o impasse”, diz o Financial Times. Apesar do tom pessimista, o Financial Times reconhece que “alguma perspectiva é necessária” para avaliar a crise. “O Brasil está longe de ser um tipo de confusão que existe na Argentina ou na Venezuela”, cita o texto que, apesar da ponderação, acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter “nível espetacular de arrogância”. “Seis anos trás, Luiz Inácio Lula da Silva proclamou que ele estava convencido que o Século XXI seria do Brasil. Ainda faltam 85 anos – então a frase pode se mostrar correta. Antes disso, no entanto, Lula, que já foi um dos políticos mais populares do mundo, também pode ser indiciado por acusações de corrupção. Raramente a arrogância atingiu níveis tão espetaculares”.

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