terça-feira, 11 de agosto de 2015

Moody’s rebaixa nota de crédito do Brasil, mas mantém grau de investimento


A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito do Brasil de Baa2 para Baa3, o que mantém o País ainda no grau de investimento, mas apenas uma nota acima do nível especulativo. A decisão já era esperada. Além do rebaixamento, a perspectiva (outlook) foi alterado de negativo para estável — a expectativa é que fosse mantido o negativo, já vislumbrando a perda do grau de investimento no curto prazo. De acordo com a Moody’s, uma performance da economia abaixo do esperado é uma das razões para esse rebaixamento. “Um desempenho econômico mais fraco que o esperado, uma tendência de crescimento de gastos públicos e uma falta de consenso politico sobre as reformas fiscais impedirá que as autoridades alcancem um superávit primário alto o suficiente para segurar e reverter a tendência de alta da dívida este e no próximo ano”, justificou. Para a agência, o aperto fiscal e a política monetária vão fazer com que o PIB caia em 2015, fique estagnado em 2016 e só comece a se recuperar no ano seguinte, com uma taxa anual de crescimento de 2% em 2017 e 2018. As investigações da Lava Jato também foram consideradas. “A baixa capacidade de utilização, a fraca confiança dos empresários e os desdobramentos relacionados à Petrobras afetarão negativamente as perspectivas de investimentos neste ano e no próximo”, afirmou em nota. A Moody’s deixa claro, ainda, que o País precisa desse crescimento na segunda metade do governo Dilma e do superávit primário (economia para o pagamento dos juros) de ao menos 2% do PIB nesse período. Essa decisão de sinalizar que o Brasil deve continuar como grau de investimento foi vista como uma espécie de segunda chance para o Brasil e, por isso mesmo, foi bem recebida. "O rebaixamento em só uma nota e a perspectiva neutra foi ótima. A grande preocupação era perder o grau de investimento", disse Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. Se a perspectiva fosse negativa, a sinalização era de que, já na próxima revisão, a probabilidade do Brasil perder o grau de investimento seria alta. Em meados de julho, técnicos da agência visitaram o Brasil para analisar as contas públicas do País. Com a deterioração fiscal e a dificuldade de aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso Nacional, cresceu a aposta de que o Brasil teria a sua nota cortada pela Moody’s. Essa expectativa aumentou após o Ministério da Fazenda, em 22 de julho, reduzir de 1,1% do PIB para 0,15% do PIB a meta de superávit primário para esse ano, o que dificulta o controle e redução da relação entre dívida pública bruta e o PIB. No comunicado divulgado no final da tarde desta terça-feira, a Moody’s afirma que a dívida pública terá uma piora em 2015 e 2016 acima do esperado anteriormente pela agência. A expectativa é de uma estabilidade no nível da dívida apenas no final de 2018. A justificativa para a nota Baa3 é que, apesar dessa piora, o Brasil tem capacidade de resistir a choques externos devido ao estoque de reservas internacionais, baixa exposição à dívida externa e economia diversificada. No último dia 28, a Standard & Poor’s mudou a perspectiva do Brasil de estável para negativa, mas manteve a nota em BBB-, ainda grau de investimento e também só uma nota acima do nível especulativo. Na ocasião, a agência sinalizou que a falta de avanços nos ajustes fiscais durante o próximo ano “poderia levar a um rebaixamento do rating”, ou seja, a perda do grau de investimento. Na outra grande agência de classificação de risco, a Fitch, o Brasil segue duas notas acima do nível especulativo. Os investidores internacionais olham as notas das agências de classificação de risco para saberem onde vão alocar os seus recursos. Quanto pior a nota, mais altos tendem a ser os juros pagos pelos emissores - além de governos, as empresas que emitem títulos de dívida também contratam essas agências. 

Nenhum comentário: