quinta-feira, 6 de agosto de 2015

POLÍCIA FEDERAL DIZ QUE JOSÉ DIRCEU USOU UM EX-SÓCIO COMO "LARANJA" PARA COMPRAR A CASA DE PASSA QUATRO, EM MINAS GERAIS, ONDE MORA A SUA MÃE


A Polícia Federal descobriu que o ex-ministro e bandido petista mensaleiro José Dirceu usou um "laranja" para comprar a casa onde sua mãe Olga Guedes da Silva, de 94 anos, mora em Passa Quatro, no interior de Minas Gerais. A casa foi comprada em 2005, quando ele ainda era ministro da Casa Civil do governo Lula, por R$ 250 mil, por intermédio de Julio Cesar dos Santos, que foi sócio de José Dirceu na JD Consultoria até 2012. A informação foi confirmada pelo delegado Márcio Anselmo, que tomou o depoimento de Julio César dos Santos nesta quarta-feira, e obteve dele a confissão de que foi usado por José Dirceu como "laranja" na compra da casa da mãe do ex-ministro. "Nós tínhamos a informação de que a mãe dele morava em uma casa que estava em nome de terceiros e no fim identificamos que está mesmo em nome da empresa do Julio. Ele foi usado para a ocultação de patrimônio", disse o delegado. Além dessa aquisição, o ex-sócio de José Dirceu comprou uma casa em condomínio em Vinhedo, no interior paulista, que o ex-ministro pretendia usar como escritório, ao lado da casa que já tinha, em um condomínio fechado. O imóvel foi reformado por R$ 1,3 milhão, despesas pagas pelo lobista Milton Pascowitch, da Jamp Consultoria. À Polícia Federal, Júlio Cesar dos Santos alegou ter adquirido imóveis para José Dirceu na condição de “amigo pessoal”. Segundo o delegado Marcio Anselmo, documentos da compra dessa casa em Passa Quatro foram apreendidos na casa do irmão de José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e mostram que os dois fizeram ocultação de patrimônio do fisco. Antes da operação da última segunda-feira, o caso já era investigado pela Polícia Federal. Antes de passar a ser "laranja" de José Dirceu, Julio Cesar dos Santos era ligado à Central de Eventos, coordenada por Silvio Pereira, o Silvinho, que durante muito tempo foi o secretário-geral do PT e que caiu durante o governo Lula por ter recebido propina na forma de uma caminhonete Land Rover da empresa GDK, fornecedora da Petrobras. A ocultação de bens deve render mais uma denúncia contra o ex-ministro. Até o final do mês, a Polícia Federal deve concluir o inquérito no qual José Dirceu deverá ser indiciado por lavagem de dinheiro, corrupção, formação de quadrilha, organização criminosa e falsidade ideológica, segundo antecipou Marcio Anselmo. "Como José Dirceu é reincidente (no mensalão foi condenado a 7 anos e 11 meses de cadeia), se for condenado agora na Lava-Jato, ele perderá o benefício da prisão domiciliar que havia conquistado no processo do Mensalão e deve ir para regime fechado",  disse Anselmo. Delegados que participaram da busca e apreensão na casa do ex-ministro e de seu irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva disseram nesta quinta-feira que encontraram mais documentos, anotações e e-mails na casa do irmão do que na casa de José Dirceu. "Encontramos coisa boa na casa do Luiz Eduardo, mas ainda estamos analisando o material apreendido. No depoimento que Luiz Eduardo dará na tarde desta quinta-feira, já vamos poder confrontar muita coisa e checar informações", disse outro delegado. Os investigadores informaram ter dados de que José Dirceu não agiu sozinho no caso de corrupção na Petrobras, afirmando que os jornalistas terão "surpresas" nos próximos dias sobre o envolvimento de outros políticos no esquema. Eles informaram que a Polícia Federal localizou documentos mostrando que o ex-ministro Luiz Gushiken se beneficiou do esquema de corrupção na Petrobras, mas que como ele já morreu, não poderá ser responsabilizado. Os investigadores não informaram quais seriam os valores pagos a Gushiken, nem como o beneficiamento teria ocorrido. "Mas sabemos que alguém de sua família ainda se beneficia do dinheiro que ele obteve da corrupção na estatal", afirmou um dos delegados da Lava-Jato. Segundo os delegados, ainda não há um inquérito que investigue exclusivamente o ex-presidente Lula. Mas, policiais analisam os contratos que a empresa LILS, do ex-presidente, realizou com as empreiteiras Camargo Corrêa e OAS. Só da Camargo, Lula recebeu R$ 1,5 milhão por palestras e o Instituto Lula recebeu outros R$ 3 milhões a título de doações eleitorais. Depois a empresa disse que houve um engano e que não foram contribuições eleitorais, mas contribuições para o desenvolvimento do Instituto Lula. "Ninguém está acima da lei. Se comprovarmos que Lula recebeu dinheiro de forma ilegal, abriremos inquérito contra ele", disse um delegado. 

Nenhum comentário: