quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Procurador federal diz ter provas cabais da corrupção e propinas na Operação Zelotes

Os trabalhos da Operação Zelotes, que apuram se integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) receberam suborno para suspender julgamentos e alterar votos a fim favorecer empresas autuadas pela Receita Federal, apresentam valores desviados equivalentes aos da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras. A afirmação é do procurador federal Frederico Paiva, responsável pela Operação Zelotes, nesta terça-feira. As denúncias devem ser apresentadas na primeira quinzena de setembro. Entre as empresas gaúchas investigadas estão RBS, Gerdau e Marcopolo. Paiva acredita que será possível recuperar R$ 5 bilhões de impostos desviados, dos R$ 19 bilhões que estão sob análise em pelo menos 70 processos. Órgão ligado ao Ministério da Fazenda, o Carf é uma espécie de tribunal administrativo que julga débitos tributários de empresas com o Fisco. Para o representante do Ministério Público Federal, existem “elementos sólidos” contra as empresas investigadas. “As denúncias contam com provas cabais de corrupção muito bem fundamentadas”, enfatizou. Apesar de ser semelhante à Lava Jato em termos monetários, a Operação Zelotes não conseguiu o deferimento de prisões nem avançou com delações premiadas. “Formulei medidas investigatórias que foram indeferidas e pedidos de prisões que não foram adiante”, disse Paiva. Ele reconheceu que existem dificuldades no combate a crimes econômicos no Brasil. “O crime econômico é tratado de maneira diferente no Judiciário brasileiro”, observou. Para Paiva, corruptos e corruptores terão penas mais severas somente com a modernização das leis. “A mudança é lenta, mas acredito que, aos poucos, o Brasil e o poder Judiciário vão mudar. Os cofres públicos não aguentam o sistema político atual”, afirmou.

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