terça-feira, 29 de setembro de 2015

A última trapalhada do governo Dilma para tentar quebrar a espinha do PMDB

Tudo indica que o Planalto se meteu em mais uma trapalhada, do mesmíssimo feitio daquela que acabou resultando na derrota de Dilma quando Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se elegeu presidente da Câmara. Só para lembrar: observei, então, parafraseando Marina Silva, que a presidente perderia perdendo e perderia ganhando. Ou por outra: considerando os recursos que o governo moveu para derrotar Eduardo Cunha, se ele vencesse, como venceu, a mandatária daria com os burros n’água. E deu. Mas, se ele perdesse, ela teria um grupo enorme de descontentes que tornaria sua vida muito difícil. Por que digo isso? O ministro Gilberto Kassab (Cidades), que comanda o PSD, pediu ao Planalto que Dilma adiasse a sanção da reforma política votada pelo Congresso, aguardando um último recurso ao Tribunal Superior Eleitoral do grupo envolvido com a criação do PL (Partido Liberal). Se Dilma sancionasse a reforma, o que deveria ter acontecido na sexta-feira, não haveria mais chance de criar o novo partido, que já teve negado o seu registro em razão da falta das assinaturas necessárias. Embora negue, todos sabem que Kassab é o cérebro que comanda a criação da legenda, que abrigaria descontentes de partidos de oposição e, sobretudo, do PMDB. O jornal informa que o ministro espera a adesão à nova legenda, caso seja criada, de um grupo entre 25 e 28 deputados. Os porta-vozes do pleito de Kassab para adiar a sanção foram os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Muito bem: o último recurso do PL pode ser julgado nesta terça-feira. Até onde sei, o pleito deve ser recusado. E restará ao Planalto apenas o sabor amargo de ter sido flagrado tentando quebrar a espinha do PMDB — e não é a primeira vez. Se Kassab — ou quem quer que atue oficialmente — for bem-sucedido e se ele conseguir as adesões que anuncia possíveis, a dupla PSD-PL pode chegar a até 62 deputados. O PMDB, sem eventuais defecções, tem hoje 66. No melhor dos mundos para o ex-prefeito de São Paulo, ele passará a ser o comandante de um novo PMDB — no caso, governista. Assim, se o PL não for criado, ruim para o governo por ter sido pego, de novo, em flagrante. Mas, se for, pergunto: o Planalto se dará bem? Digamos que isso colabore, então, para impedir o impeachment… Cabe a pergunta: e o que vem em seguida? Na esteira de um, se me permitem a metáfora, ataque especulativo dessa natureza contra uma legenda, os que resistirem, a despeito de suas divergências, tendem a se unir. O jogo que está sendo jogado é de tal natureza explícito que tendo a achar que o TSE vai preferir se manter distante da confusão, negando o registro ao PL. Caso faça o contrário, a Babel no governo tende a ser maior. Outro que estaria envolvido na operação é Ciro Gomes, que tenta voltar ao primeiro plano da política com aquela sua retórica truculenta de sempre. A ele estaria reservado o Ministério da Educação, que já foi ocupado por menos de três meses por Cid, seu irmão, com resultados desastrosos. Tudo é explícito demais, heterodoxo demais, abusado demais, despudorado demais e atrapalhado demais para dar certo. E, se der certo, dará errado. Por Reinaldo Azevedo

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