terça-feira, 29 de setembro de 2015

Eduardo Cunha ataca novo partido de Kassab: "Governo é expert em criar crise"

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atacou com veemência nesta terça-feira a postura do Palácio do Planalto de adiar a sanção da reforma política em uma estratégia para garantir tempo hábil para a recriação do Partido Liberal (PL). A nova legenda, capitaneada pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, tem como objetivo, assim como aconteceu na criação do PSD, esvaziar siglas de oposição e desidratar o instável PMDB, mas sua criação ainda não foi aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Isso é criar uma crise política maior e desnecessária. Não vamos esquecer que isso está na raiz da crise política que a gente está vivendo. A tentativa de criar partidos artificiais com o intuito de canibalizar a base. É uma forma artificial de montar a base política”, disse Cunha. “É um erro do governo. Adiar a sanção por causa disso criou uma nova crise desnecessária. Parece que eles são experts em criar crise ou pelo menos reviver uma crise. Não sei quem é responsável pela trapalhada, mas alguém é. Jabuti não sobe em árvore”, completou ele. Kassab negociava com setores do governo o adiamento da sanção da reforma política porque atualmente uma resolução do TSE permite que políticos migrem para legendas recém-criadas no prazo de 30 dias após sua criação, o que garantiria fôlego ao novo PL. Com a reforma sancionada, porém, o prazo seria alterado para o sétimo mês anterior às eleições, ou seja, em março de 2016 no caso do pleito municipal. Além de enfrentar um novo desgaste com a base, que ameaçava derrubar o veto presidencial ao reajuste do Judiciário, agendado para esta quarta, a estratégia de Kassab deve fracassar porque o governo foi pressionado por aliados e prometeu sancionar a reforma política nesta terça. Somado a isso, o TSE pautou apenas para esta quarta – e não para terça-feira, como queria Kassab – o pedido de criação do Partido Liberal.  Para além da discussão sobre fidelidade partidária ou sobre a criação de novas legendas, o cenário projetado por deputados e senadores é o de que o neo-PL de Kassab, atuando em bloco com partidos como o PSD, coloque em risco real o protagonismo do PMDB e esvazie ainda mais os já enfraquecidos partidos médios de oposição. A Lei dos Partidos Políticos exige o apoio de pelo menos 0,5% dos votos válidos da última eleição para a Câmara dos Deputados, divididos em no mínimo nove Estados. Nesta segunda-feira o Ministério Público Eleitoral deu parecer contrário à criação do PL por considerar não haver o número mínimo de assinaturas necessárias.

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