sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Estados Unidos e União Européia reagem à condenação ditatorial de líder opositor na Venezuela

A condenação do líder opositor Leopoldo López a 13 anos de prisão deixou Estados Unidos, União Européia e diversas organizações de direitos humanos preocupados. Em carta, ele disse que não abandonará sua luta pela democracia no país. Acusado de incitação à violência, incêndios criminosos, danos ao patrimônio público e formação de quadrilha durante os protestos contra o governo no início de 2014, que deixaram 43 mortos, López, detido desde fevereiro do ano passado, foi condenado na noite de quinta-feira. A sentença foi lida pela juíza Susana Barreiros, após uma audiência de quase 12 horas, que teve até mesmo confrontos entre chavistas e oposicionistas do lado de fora do Palácio da Justiça, na capital venezuelana. Enquanto os países da América Latina mantiveram um vergonhoso e escandaloso silêncio sobre a decisão, tipico de republiquetas do Foro de São Paulo, os Estados Unidos não demoraram a reagir. O Departamento de Estado, por meio de sua encarregada para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, disse estar “preocupado” com a sentença: "Estou profundamente preocupada com a condenação de Leopoldo López. Exortamos o governo a proteger a democracia e os direitos humanos na Venezuela". A União Europeia também se manifestou. Em comunicado, o bloco, afirmou que o processo contra o opositor e quatro estudantes carecia das garantias adequadas no que diz respeito à transparência e em seu devido processo legal e solicitou que os tribunais de apelação revejam as sentenças “severas” de forma justa. “Os julgamentos contra Leopoldo López, coordenador nacional do partido Vontade Popular, e os quatros estudantes Christian Holdack, Marcos Coello, Demian Martín e Ángel González não proporcionaram aos acusados as garantias adequadas de transparência e devido processo legal”, afirmaram em nota os porta-vozes do bloco. O diretor para as Américas da Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, por sua vez, qualificou o caso de “farsa completa da Justiça”: "Em um país que carece de independência judicial, um juiz provisório condena quatro pessoas inocentes depois de um julgamento em que a Procuradoria não apresentou evidência básica que os vincula a um crime, e os acusados não puderam se defender". Ao canal NTN24, o ex-presidente de Colômbia, Andrés Pastrana, afirmou que a decisão evidencia o temor do presidente Nicolás Maduro em relação às pesquisas: "A sentença dá mostras de que o regime de Maduro não respeita a Justiça venezuelana. Este é o começo do fim para Maduro". Ao se dirigir ao júri, antes de ouvir o veredicto, López desafiou a juíza: "Se a sentença for condenatória, você teria mais medo de pronunciá-la do que eu de escutá-la porque sabe que sou inocente". López divulgou ainda uma carta que escreveu agradecendo o apoio de seus partidários e simpatizantes, e condenando "a elite do governo" por ajudar a sentenciá-lo por "infâmias e corrupções". Ele cita ainda os ícones pacifistas Mahatma Gandhi e Martin Luther King, pedindo que o povo "não se renda e siga lutando", tendo em vista a oportunidade de ter maioria nas eleições legislativas de dezembro: "Seguiremos adiante, e juro a vocês que vamos vencer". Juan Carlos Gutiérrez, um dos advogados de López, disse que a defesa apelará da sentença nos próximos dias por considerá-la injusta e baseada em mentiras. A condenação de López, de 44 anos, provocou protestos de muitos de seus apoiadores que o consideram um bode expiatório, mas também elogios de partidários do governo que o acusam de ser um golpista. Em algumas zonas de classe média em Caracas, moradores fizeram panelaço depois da divulgação do veredicto. Seus seguidores se mostraram convencidos de que a prisão não vai enfraquecer o líder opositor. "Todos os que os conhecemos sabemos que Leopoldo López está preparado para isto e mais, apenas o torna mais forte", disse Freddy Guevara, coordenador do Vontade Popular (VP), o partido de López.

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