sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Petrobras estuda reduzir investimentos em pelo menos 10% ainda neste ano de 2015 após o rebaixamento de sua nota de risco


O rebaixamento da nota de risco da Petrobras em dois níveis pela agência de classificação Standard & Poor’s (S&P) vai obrigar a estatal a reduzir ainda mais seus investimentos, afirmam analistas de mercado. De acordo com uma fonte próxima ao governo, a Petrobras já começou a avaliar um corte nos investimentos previstos para este ano, inicialmente estimados em cerca de US$ 29 bilhões. Segundo essa fonte, os investimentos em 2015 ficarão abaixo de US$ 26 bilhões, ou seja, um corte de pelo menos 10%. O rating da estatal passou de “BBB-” para “BB” com perspectiva negativa — que é considerado grau especulativo e está abaixo da nota do País (BB+). Com isso, a petroleira perdeu o grau de investimento que detinha pela S&P há sete anos. Em fevereiro, a Moody’s já havia rebaixado a nota da companhia. A Petrobras vai rever todo seu Plano de Negócios 2015/2019, que previa investimentos de US$ 130,3 bilhões, contra US$ 220,6 bilhões do anterior. Para especialistas, a situação da Petrobras é a mais grave entre todas as empresas brasileiras, porque a estatal já teve sua nota rebaixada pela Moody’s. Com a nova perda, muitos fundos de investimentos deverão se desfazer dos papéis da estatal. Além disso, a Petrobras já enfrenta dificuldades de caixa por conta de seu elevado nível de endividamento líquido, que atingiu R$ 323,9 bilhões em 30 de junho, sendo 81% em dólar, e a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, cujo barril está hoje abaixo dos US$ 50,00. O economista Thiago Biscuola, da RC Consultores, destacou que o rebaixamento da nota da Petrobras, assim como de outras empresas brasileiras, era esperado após a queda da nota do País: "Creio que podem vir novos rebaixamentos em seguida. Com o elevado nível de endividamento, boa parte em dólar, a companhia terá de fazer um corte maior em seus investimentos". Para Luís Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, os dois efeitos imediatos para a Petrobras do rebaixamento da nota de crédito do Brasil e da própria empresa é a elevação do custo de captação de recursos e o aumento do seu endividamento. A empresa, que já vinha tendo dificuldade para se financiar, encontrará ainda mais obstáculos para levantar dinheiro. A perda do grau de investimento do Brasil tende a elevar o dólar, fazendo a dívida da companhia crescer ainda mais. "A dívida da Petrobras vai crescer, e o problema é que o aumento da geração de caixa não vai conseguir crescer no mesmo ritmo", diz Pereira. A primeira prova de fogo da estatal será a emissão de R$ 3 bilhões em debêntures (títulos da dívida) que a empresa está preparando com o objetivo de levantar recursos para seu plano de negócios. "Ou haverá menos interesse nos papéis ou o investidor vai cobrar um prêmio de risco maior (ou seja, o retorno do investimento terá de ser maior)", afirma o analista. Em nota, a Petrobras garantiu que está mantida a capacidade de financiamento de seus projetos a médio prazo, graças a captações feitas este ano no Brasil e no exterior. A estatal ressaltou que seus investimentos não serão afetados com o rebaixamento da S&P porque não têm cláusulas atreladas ao rating das agências classificadoras. A companhia destacou ainda que tem adotado um conjunto de medidas para melhorar seus processos, citando o plano de redução de custos operacionais de US$ 12 bilhões até 2019. “Dentre as medidas adotadas destacamos a redução do volume de investimentos (Capex) e a priorização do segmento de exploração e produção conforme previsto no novo Plano de Negócios”, afirmou em nota. Devido a essa perspectiva, as ações da Petrobras foram as que exerceram maior influência negativa ontem no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) caíram 3,82%, enquanto os preferenciais (PN, sem voto) recuaram 5,01%. A Bolsa fechou em baixa de 0,33%, aos 46.503 pontos. 

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