terça-feira, 29 de setembro de 2015

Uma tese une o programa do PSDB na TV: o fim do mandato de Dilma

O PSDB levou ao ar na noite desta segunda um programa político impecável por tudo o que disse e também por aquilo que não disse, mas que está devidamente evidenciado. Segue o vídeo para quem não assistiu. Volto em seguida.


O PSDB não tocou na palavra “impeachment”, mas os quatro líderes da legenda que se pronunciaram deixaram claro que o tempo de Dilma se esgotou. Falaram na sequência: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; o senador José Serra (SP); o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Aécio Neves (MG), presidente da legenda. Depois de eleitores de Dilma, traídos por ela, tirarem uma máscara com a imagem da petista, entra Alckmin (a 1min21s): “O governo do PT escolheu o pior caminho para enfrentar a pior crise de sua história: aumentou os impostos e os juros, piorando ainda mais o drama do desemprego (…). O Brasil não pode ficar parado por mais três anos”. A 1min55s, fala Serra: “Eu nunca vi o Brasil numa situação tão difícil como esta. Infelizmente. Nós avisamos: ‘Está entrando água no barco’. (…) Mas o PT só pensou em ganhar a reeleição. (…) Está na hora de o PT pagar pelos seus próprios erros”. Aos 3min02s, é a vez de FHC: “A gestão da Dilma está derretendo. Ela está pagando pela herança maldita que o Lula deixou. E se Dilma abandona o PT? Aí o risco de ela cair aumenta ainda mais. Está na hora de a presidente ter a grandeza e pensar no que é melhor para o Brasil, não para o PT”. Aos 4min29s, chega Aécio Neves: “É dentro das regras democráticas que nós queremos e vamos lutar. Vocês se lembram: nós já tiramos o Brasil da crise uma vez com o Plano Real. Nós mostramos que sabemos o caminho para recuperar a confiança e a credibilidade perdidas”. Cada intervenção, a seu modo, trata do cenário pós-Dilma. E agora, não depois. É o que significa a fala de Alckmin ao afirmar que o Brasil não pode esperar mais três anos. É o que quer dizer Serra quando defende que o PT tem de pagar por seus erros. Ao cobrar “grandeza” da presidente, FHC volta a lembrar a perspectiva da renúncia. Aécio arremata lembrando a principal obra pregressa dos tucanos: o Plano Real, que só foi possível porque Collor havia sido defenestrado. Tão importante quanto as críticas certeiras e inevitáveis — afinal, Dilma derrotou o PSDB há 11 meses acusando a legenda de pretender fazer tudo o que ela próprio vem aplicando — é o fato de o programa nacional da legenda trazer a fala afinada de suas quatro principais lideranças. Parece que os tucanos perceberam que o Brasil não comporta mais a sobreposição de estratégias individuais às urgências que estão postas. Até porque, insisto no ponto de que há a emergência de atores novos nas ruas. Não custa lembrar — e não há mal nenhum que assim tenha sido, muito pelo contrário — que, antes de os partidos de oposição se passarem a defender o impeachment de Dilma, as ruas o fizeram. Ruas que foram incorporadas à estética do programa com a percussão dos panelaços. Querem saber? O PSDB assumir a pauta do impedimento de Dilma é uma questão de responsabilidade com o País. E o PSDB encerrou seu horário político dando uma resposta simples e didática à cascata do golpe. Vale transcrever a fala de um locutor: “Se você empresta dinheiro para a uma pessoa, e essa pessoa some, nunca mais aparece para pagar. Você foi vítima de quê? De um golpe, não é? E se você vota em quem promete controlar a inflação, não mexer em direitos trabalhistas e muitas outras maravilhas?… Mas, depois, a inflação sobe sem parar; ela corta o seguro-desemprego e um milhão e meio de vagas do Pronatec; aumenta, e muito, a conta de luz… Pense bem: isso é ou não é um verdadeiro golpe?” A resposta é óbvia: o eventual impeachment, é claro!, golpe não é porque tem as devidas prescrições legais. Mas o que vai acima é, sim, um golpe: chama-se estelionato. Por Reinaldo Azevedo

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