sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Valcke, que levou um pontapé no traseiro da Fifa por corrupção, pediu uma compensação milionária para deixar a entidade


Uma semana antes de ser acusado de envolvimento em um esquema ilegal de venda de ingressos da Copa do Mundo de 2014, Jérôme Valcke tentou convencer a Fifa a lhe pagar uma compensação milionária para que ele deixasse o cargo de secretário-geral da entidade antes do final de seu mandato. Afastado do cargo por causa do último escândalo, o dirigente francês foi substituído pelo alemão Markus Kattner, diretor financeiro da entidade, nesta sexta-feira. Na quinta-feira, Valcke foi acusado pelo empresário Benny Alon, dono da JB Marketing, de embolsar cerca de 9 milhões de reais com a venda ilegal de ingressos acima do preço tabelado na Copa de 2014. Apesar de se declarar inocente, Valcke foi afastado do cargo de secretário-geral e a Fifa abriu uma investigação interna. O presidente Joseph Blatter confessou a pessoas próximas que não acredita que seu braço direito tenha violado acordos e regras da entidade, mas, pressionado, optou por seu desligamento. Valcke já vinha sinalizando o desejo de deixar a organização. Há uma semana, o francês - marcado no Brasil por ter sugerido um "chute no traseiro" do País durante a preparação para a Copa de 2014 - propôs que a Fifa lhe pagasse uma compensação para que ele deixasse o cargo. Oficialmente, ele teria mais três anos de contrato e queria ser reembolsado por esse período, mas fontes ligadas ao caso indicam que a negociação não avançou. Em 2007, outro secretário-geral, Urs Linsi, recebeu mais de 4 milhões de dólares para deixar o cargo e abriu espaço justamente para a chegada de Valcke. Em sua defesa, o advogado de Valcke, Barry Berke, garantiu que seu cliente não tem qualquer tipo de envolvimento com as denúncias apresentadas pelo empresário Benny Alon que, desde 1990, opera na venda de ingressos da Copa. "Jérôme nega categoricamente as acusações inventadas e intoleráveis formuladas por Benny Alon sobre a suposta revenda de entradas para o último Mundial." Segundo o advogado, a Fifa colocou um fim na parceria com a empresa de Alon justamente quando soube que ele negociava entradas acima do preço de tabela. No entanto, a Fifa não explicou por que Valcke e Alon seguiram trocando e-mails, divulgados pelo jornal Estado de S.Paulo, que tratavam sobre o esquema. A crise de falta de comando na Fifa foi evidenciada nesta sexta-feira, na celebração dos 1000 dias para o início da Copa de 2018, realizada em Moscou na Rússia. Apenas diretores da Fifa compareceram ao evento, enquanto Blatter e Valcke eram aguardados. A Fifa insistiu que Blatter não tinha a intenção de estar presente no evento realizado na Praça Vermelha. Já Valcke, que chegaria em um avião privado, teve que abortar a viagem após seu afastamento. Esses caras não viajam mais com medo de serem presos. A esse ponto chegou a corrupção no futebol mundial. 

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