quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Augusto Nardes constata: "Agora eu entendo por que o Joaquim Barbosa se aposentou"


"Agora eu entendo por que o Joaquim Barbosa se aposentou", disse o ministro Augusto Nardes depois que o Tribunal de Contas da União rejeitou, por unanimidade, a prestação de contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff. A declaração, em referência ao ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, que foi relator do Mensalão do PT e deixou o tribunal depois do caso, ganhou tom de desabafo depois que Nardes virou o principal alvo do governo para tentar adiar a análise do balanço. O Planalto acusou o ministro de atuar com parcialidade e tentou afastá-lo da relatoria do processo. A manobra acabou barrada pelo próprio TCU e pelo STF. Nardes, no entanto, disse que não pretende seguir os caminhos de Barbosa que antecipou sua saída da corte em dez anos. "De certa forma, vou dizer de uma palavra, não sei se vou seguir o mesmo caminho, é bem provável que não, agora,eu entendo porque o Joaquim Barbosa se aposentou. O momento é muito tenso e eu estaria muito triste se tivesse evitado que o tribunal julgasse. Seria um gesto contra democracia, não contra mim", afirmou. O ministro contou que, ao longo do processo, sua assessoria recebeu diversos telefonemas com ameaças de morte e que, por isso, ele passou a andar acompanha por seguranças do TCU. Ele disse ainda que chegou a ser assaltado no Rio de Janeiro por um indivíduo que estava dando umas "pedaladas" numa bicicleta e rasgou sua blusa ao tentar levar um cordão. No episódio, ele estava sem os seguranças. Questionado se ele ainda se sentia ameaçado, Nardes desconversou. "Agora eu me sinto aliviado. Depois de votar as contas, espero que a gente possa voltar a ter uma vida normal", afirmou o ministro, que não acusou diretamente ninguém e disse ter medo da atuação de algum radical. O ministro ainda avaliou que a decisão do tribunal é histórica e representa um passo importante para mudar o estilo de governança do país. Segundo Nardes, a Previdência do país vive uma situação catastrófica e o Brasil corre o risco de enfrentar os mesmos problemas econômicos da Grécia. "O deficit da Previdência para o ano que vem se aproxima de R$ 200 bilhões. Se não tomarmos atitudes com coragem de propor a rejeição das contas eu acredito que em curto espaço de tempo o Brasil terá dificuldade de pagar em dia os funcionários público como todos", disse. Para Nardes, a decisão do tribunal representa um alerta para a sociedade e para o governo. Ele disse que é "preciso dar um basta nesse tipo de comportamento de gastar sem limite e sem arrecadação". Perguntado se as irregularidades confirmadas pelo TCU continuam a ocorrer em 2015, a equipe técnica do tribunal informou que estão apurando se os problemas persistem, mas que ainda é prematuro dizer que eles não foram sanados. A intenção, no entanto, é evitar que os problemas só sejam apontados na prestação que será apresentada em 2016. "Nossa intenção é atuar o mais tempestivamente", diz Leonardo Albernaz, diretor da área técnica.

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