quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Ex-deputado diz a Moro que repasse em espécie evitou 'fila' em banco

O ex-deputado federal petista André Vargas, preso na Operação Lava Jato há seis meses, disse em depoimento na Justiça Federal que um pagamento em espécie feito por seu irmão evitou que ele enfrentasse "fila" em um banco. Vargas, ex-vice-presidente da Câmara e filiado ao PT até 2014, prestou um depoimento ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (14) em uma ação em que é acusado, junto com o irmão León Vargas, de comprar uma casa no Paraná com dinheiro de origem criminosa. O ex-deputado, já condenado em outra ação, disse que costumava guardar dinheiro em espécie em seu escritório por "opção pessoal" e negou que tenha enriquecido de maneira ilícita. Moro citou na audiência que um dos pagamentos pela casa, de R$ 95 mil, foi feito por meio de um depósito realizado por uma pessoa chamada Dimas de Oliveira. "Ele [Dimas] declarou que o seu irmão combinou de se encontrar com ele na porta do banco e entregou uma sacola de dinheiro para fazer o depósito", disse o juiz. Vargas falou que Dimas era correntista do banco onde seria feito o depósito e poderia ser um cliente preferencial. "A informação que eu tive é que tinha uma fila muito grande, estava no horário de fechamento do banco ou já tinha fechado o banco, me parece." Também disse que o vendedor do imóvel exigia que o pagamento fosse feito naquele mesmo dia, em 2011. Moro questionou o ex-deputado também sobre o "costume" de manter dinheiro em um escritório. "Eu guardava dinheiro em espécie para um momento oportuno", contou Vargas. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, o imóvel alvo da ação foi comprado por R$ 980 mil, mas teve venda declarada de apenas R$ 500 mil. Vargas confirmou que declarou o valor inferior, mas disse que tomou a iniciativa por pedido do proprietário que vendeu a casa, um juiz federal chamado Eduardo Appio. O ex-deputado disse que ganhou R$ 3,5 milhões ao longo de sua carreira política e que tinha recursos suficientes para arcar com os custos da compra. Antes de responder às perguntas de Moro, Vargas disse que é uma pessoa de "origem humilde" e que trabalha desde os 12 anos. Também afirmou que está preso "há tanto tempo" e que a mulher, Eidilaira, sustenta a família vendendo bolo e sorvete. Ele ficou em silêncio ao ser indagado sobre suspeitas de recebimento de propina, que foram alvo da outra ação penal. Eidilaria também é acusada na ação e prestou depoimento nesta quarta. Ela afirmou que apenas assinou os papéis da compra da casa e que nunca se envolveu com política. Leon Vargas também foi condenado na outra ação penal e permanece em liberdade. O irmão foi ouvido também nesta quarta-feira, mas preferiu não responder perguntas.

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