segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Números desmoralizam versão oficial de que pedaladas foram só para programas sociais

Não tem jeito! Este governo parece ser viciado em mentira e desmoralização. Virou um método. Um dos problemas do governo Dilma, entre muitos, é que, quando a turma não tem o que dizer, diz qualquer coisa — inclusive mentiras em penca. Mas aí ou os eventos anunciados se esquecem de acontecer. Ou nem podem mais se dar porque se trata de uma recriação do passado. Só mesmo chamando o Super-Homem para fazer a Terra girar ao contrário, né?, para reescrever a história. Mas isso é ainda mais difícil do que estocar vento. Então se vão estocando mentiras. A presidente Dilma e seu antecessor, o Apedeuta da Silva, tentaram arrancar nossas lágrimas afirmando que as pedaladas foram dadas para arcar com os programas sociais. Assim, os que são críticos do procedimento seriam, na verdade, contra os pobres. Reportagem de Dimmi Amora na Folha desta segunda, evidencia que “cerca de 35% dos valores envolvidos nas manobras (…) estão relacionados a financiamentos subsidiados para empresas e produtores rurais de médio e grande porte”. A reportagem chegou a essa conclusão com dados enviados ao jornal pelo BNDES e pelo Banco do Brasil. Segundo o levantamento, dos R$ 40 bilhões, vamos dizer, pedalados, R$ 14 bilhões foram para esses dois setores. Segundo o BNDES e o Banco do Brasil, informa o jornal, “os financiamentos a grandes empresas e ruralistas de médio e grande porte correspondem a 47% e 63%, respectivamente, dos valores financiados nessas linhas de crédito”. Houve uma parte da pedalada destinada a programa sociais? Houve, sim. Segundo o TCU, “no caso da Caixa, o rombo para pagar o Bolsa Família, seguro-desemprego e abono salarial chegou a quase R$ 6 bilhões no meio do ano passado, mas foi praticamente todo quitado em 2014”. O governo também usou recursos do FGTS para o Minha Casa, Minha Vida. O tribunal diz que ainda falta quitar R$ 1,2 bilhão. Então vamos lá. O governo poderia ter tentado argumentar que assim procedeu porque, se suspendesse operações de crédito em razão da falta de repasses, seria pior para o País já que dois setores importantes da economia poderiam ficar em apuros, o que seria ruim para a população. Poderia vir a público para explicar que suas operações com grandes empresas e com produtores rurais são socialmente justas porque evitaram, sei lá, desemprego, quebra da safra etc. Notem: não estou encontrando justificativas. Estou é dizendo que, flagradas as contas mentirosas, Dilma poderia ter, ao menos, buscado o lado virtuoso da verdade, havendo algum. O que estou dizendo? Flagrado, o governo poderia ao menos ter dito a verdade, esforçando-se para encontrar a relevância social da pedalada. Preferiu, e parece viciado nisto, o caminho da mentira e desmoralização. Por Reinaldo Azevedo

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