quarta-feira, 14 de outubro de 2015

PSOL e Rede, dois esbirros de Dilma. Ou: Marina é contra impeachment pensando só em… Marina!

Eles derivam da costela do mesmo Adão. O PSOL, fração que se descolou do PT pela esquerda, e a Rede, fração que se descolou do PT no mundo da antimatéria, resolveram encabeçar nesta terça um pedido de cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Todo mundo sabe o que acho e já escrevi aqui. Penso que, incapaz de dizer uma simples frase — “Não tenho contas na Suíça” —, Cunha deveria se afastar da Presidência da Casa. Mas tratarei desse aspecto em outro post. Quero agora me ater ao pedido encaminhado por 46 parlamentares, 32 dos quais são petistas — numa bancada que reúne 62. Os outros pertencem ao PMDB, PROS, PSB e PPS (ao menos um). Vamos ver. Esses senhores têm todo o direito, e até certa razão prática, em não querer que Cunha continue presidente da Casa ou, como é o caso, deputado. Começaram a se movimentar para cassá-lo. Mas convenham, né? No dia em que o Supremo concede três liminares interferindo diretamente no rito estabelecido na Câmara para o encaminhamento de denúncias contra Dilma, mobilizar-se para derrubar Cunha corresponde, obviamente, a mobilizar-se para manter Dilma. Por que o PSOL, que lidera o pedido, faz isso? Porque é de esquerda. Pode ter lá suas divergências com o PT, mas as suas diferenças com os partidos que se opõem aos companheiros são muito maiores. São todos farinha do mesmo saco, embora os psolistas se queiram uma farinha mais pura… E a Rede? Bem, há tempos Marina Silva vem se comportando de modo lamentável nesse particular. E, nesse caso, é claro que pensa apenas em si mesma. Será candidata à Presidência em 2018, é evidente. Como foi em 2010 pelo PV. Como foi em 2014 pelo PSB. Pensem bem: o que interessa a Marina e a seu eleitoralismo? Se Dilma cai agora, via impeachment, o substituto será Michel Temer. Os problemas, é certo, não se resolvem da noite para o dia, mas a mudança não interessa a quem pensa em lucrar com uma Dilma permanentemente à beira do abismo. Quem poderia prever que a ascensão de Itamar traria aquelas consequências? Marina não quer mudança. Pode não falar coisa com coisa quando decide parecer profunda, mas está longe de ser burra. Ela sabe que, se Dilma não cair, vai se arrastar até o fim de 2018 na impopularidade. A permanência da presidente no cargo teria ao menos uma consequência positiva se o país não soçobrasse: inviabilizaria a candidatura de Lula e manteria o PT como carta fora do baralho. Aliás, intimamente, o Babalorixá de Banânia adoraria ver a sua sucessora pelas costas para poder saltar já para o oposição. Ocorre que o PT não aceita mais sair da máquina do estado. Marina sonha em herdar o eleitorado de esquerda do PT, já desiludido da vida. Ela passou a ser uma crítica dura do impeachment pensando exclusivamente em… Marina, ainda que faça aquele ar de beata da floresta, que só pensa em salvar os bagres, as pererecas e os tuiuiús. E olhem que o PT partiu para o massacre contra ela em 2014. A eterna candidata demonstra que, com efeito, quando se trata de seu próprio interesse eleitoral, não guarda ressentimentos. Está com Dilma e não abre porque, de fato, está com Marina e não abre e pretende ser a candidata dos ditos “progressistas” em 2018, com um PT provavelmente caindo pelas tabelas. Por Reinaldo Azevedo

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