sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Sinhozinho Marcelo Odebrecht, do alto de sua arrogância e soberba, diz que Ministério Público fez distorção "ilegal" e "cruel" só para prendê-lo

O empreiteiro Marcelo Odebrecht decidiu entregar nesta sexta-feira (30) ao juiz Sergio Moro um texto com respostas para rebater argumentos do Ministério Público Federal que sustentam que ele comandava esquemas ilegais no Grupo Odebrecht e que tentou interferir nas investigações da Operação Lava Jato. "Sinhozinho" Marcwelo Odebrecht prestou depoimento no início desta tarde ao magistrado. Além de falar por cerca de 40 minutos, ele também resolveu entregar algumas questões por escrito. No documento o empresário dá explicações para anotações encontradas em seu celular e apreendidas pela Polícia Federal. Diz que as conclusões dos procuradores sobre as notas são "um absurdo", "disparatadas" e "propositadamente deturpadas". Diz que nunca pensou em fugir do País, como interpretaram procuradores a partir de seus escritos: "Fica evidente a distorção dos fatos com o objetivo malicioso de atribuir a mim uma intenção de fuga completamente infundada. Trata-se de uma iniciativa não apenas ilegal, como cruel, apenas para me sujeitar a pedido de prisão preventiva". Ele começa o texto dirigido a Moro afirmando que as anotações encontradas eram "pessoais, feitas por mim e para mim mesmo. Essas notas não eram mensagens nem orientações a quem quer que fosse, porque não se destinavam a ninguém". Elas serviriam apenas para que ele se recordasse de "determinados temas" mencionados na imprensa ou em reuniões das quais participava. As notas sobre "dissidentes da PF", por exemplo, refeririam-se a notícias veiculadas pela mídia, e não à intenção dele de explorar disputas internas na Polícia Federal para atrapalhar as apurações da Lava Jato. "A alegação de que eu poderia ter interesse em interferir nas investigações não é verdadeira; a interpretação da anotação é propositadamente deturpada, sendo absolutamente desarrazoada a utilização de fatos noticiados em reportagens de jornal para fundamentar uma acusação penal", diz.


"Sinhozinho" Marcelo Odebrecht discorre também sobre anotações referentes a contas bancárias no Exterior. Afirma que foram feitas quando a imprensa começou a noticiar que "o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, teria recebido depósitos da empreiteira em outros países". A idéia, afirma, era "nos anteciparmos às notícias que vinham sendo veiculadas", tornando "públicas as contas que empresas do Grupo Odebrecht legitimamente possui no Exterior, evitando, assim, ilações de má-fé". "Concluir, a partir dessas notas, que eu teria 'manifesto conhecimento, controle e gestão sobre operações de lavagem de dinheiro' é, no mínimo, um absurdo, ainda mais quando se verifica que as provas produzidas no processo não autorizam, nem de perto, essa disparatada conclusão", afirma o empresário. Segundo o advogado Nabor Bulhões, o documento trouxe "respostas e dados documentais" que rebatem todas as acusações da denúncia, como as anotações interceptadas pela Polícia Federal em que Marcelo fala em "higienizar apetrechos" – o que, de acordo com a defesa, eram anotações pessoais, e não orientações para dificultar as investigações. "Foi uma denúncia elaborada com base em conjecturas e especulações", afirmou Bulhões, após a audiência. "Como se ele tivesse o dom da onipresença. É uma holding de um grupo gigantesco, presente em 21 países". O defensor afirmou que a investigação até aqui foi "penosa" e defendeu que a prisão preventiva de Marcelo seja revogada. 

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