sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Andrade Gutierrez admite propina em obra da Copa e vai pagar R$ 1 bilhão

No maior acordo costurado pelo Ministério Público Federal na Operação Lava Jato até aqui, a gigante Andrade Gutierrez admitiu aos investigadores ter desembolsado propina para vencer a disputa para a construção e revitalização de estádios para a Copa do Mundo e para participar de obras na usina de Belo Monte, no Rio Madeira. Na Copa, a construtora detinha 20% do consórcio do Maracanã, 50% do consórcio do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, e pleno controle das obras da Arena da Amazônia, em Manaus. O acordo de leniência está em fase de ajustes finais e prevê que a gigante da construção pague 1 bilhão de reais em multa para compensar as fraudes, a formação de cartel e o esquema de corrupção nos contratos dos estádios do Mundial de 2014. O valor da multa é o maior já conseguido pela força-tarefa do Ministério Público que atua nas investigações sobre o bilionário esquema de corrupção na Petrobras. Segundo as negociações feitas pelo corpo jurídico da Andrade, os executivos presos desde o dia 19 de junho em Curitiba, por ordem do juiz Sergio Moro, terão abrandamento significativo de pena caso se confirme o cenário mais provável e eles sejam condenados. Paralelamente ao acordo de leniência, dirigentes da Andrade Gutierrez negociam fechar delações premiadas em troca de benefícios judiciais. Uma das possibilidades é que sejam apontados, por exemplo, políticos que podem ter recebido propina em obras prioritárias para o governo, como a usina de Belo Monte. Em julho, o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, aceitou denúncia contra o presidente afastado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e contra os executivos Antônio Pedro Campello de Souza, Armando Furlan Júnior, Elton Negrão, Flávio Gomes Machado Filho, Paulo Dalmazzo, além de lobistas, operadores e ex-dirigentes da Petrobras. De acordo com esta denúncia apresentada pelo Ministério Público, o Grupo Andrade Gutierrez pagou propina a dirigentes da Petrobras em obras e contratos na Refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG), no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), na Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde (BA), na Refinaria de Paulínia (SP), no Gasoduto Urucu-Manaus, no Centro de Pesquisas (Cenpes) e no Centro Integrado de Processamento de Dados (CIPD), no Rio de Janeiro, no Gasoduto Gasduc III (RJ) e no Terminal de Regaseificação da Bahia. A força-tarefa de procuradores que atuam nas investigações do esquema do petrolão conseguiu mapear 243 milhões de reais desviados pela Andrade Gutierrez entre 2007 e 2010 em 106 atos de corrupção ativa, 61 de corrupção passiva, 62 lavagens de dinheiro. O Ministério Público apresentou três esquemas criminosos da Andrade Gutierrez com apoio de Alberto Youssef, Fernando Baiano e Armando Furlan, além de falsas consultorias. Os operadores Mário e Lucélio Góes também atuaram em esquemas da empresa, por meio da empresa RioMarine. Os recursos eram enviados para contas no Exterior como a Maranelle e Phad. Uma vez no Exterior, nas contas dos operadores, o dinheiro era repassado para as contas de Pedro Barusco. Ele também recebia valores de 300.000 a 400.000 reais em mochilas por meio de Mario Góes. Executivos da Andrade também foram acusados de pagar propina em obras da usina nuclear de Angra 3. Este caso deixou as mãos do juiz Sergio Moro depois que o Supremo Tribunal Federal abriu precedente para que as investigações da Lava Jato fossem fatiadas.

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