segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Atletismo da Russia pode ficar de fora da Olimpíada do Rio de Janeiro, por doping generalizado


Uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada) recomendou nesta segunda-feira a suspensão da Federação Russa de Atletismo de todas as competições, incluindo a Rio-2016, após divulgar relatório sobre o escândalo de doping no país. Em Genebra, na Suíça, a Wada solicitou o banimento de cinco atletas e cinco treinadores e ainda acusou o governo russo de colaborar com esquema para encobrir o "doping sistemático" no país. O presidente do órgão, Richard Pound, detalhou que a recomendação de suspensão compreenderia a participação de atletas em qualquer competição internacional, incluindo os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Pound, no entanto, espera que a Rússia colabore com as investigações, "para que seja possível competir sob um novo marco no combate ao doping." "Espero que reconheçam que é tempo de mudar e que o façam. A ideia não é excluí-los dos Jogos, mas se a conduta não é correta, esse é o preço que se deve pagar". O relatório da Wada considera que os Jogos de Londres-2012 foram "sabotados" pela presença de atletas dopados e pediu o banimento de cinco atletas, entre eles Marya Savinova, campeã olímpica dos 800 m na capital inglesa. As outras atletas citadas são Ekaterina Poistogova, Anastasiya Bazdyreva, Kristina Ugarova e Tatjana Myazina. As conclusões do relatório, que tem mais de 300 páginas, foram adotadas por unanimidade pela comissão. Pound explicou que, de acordo com as evidências obtidas, se verificou um verdadeiro sistema para promover as irregularidades e não existe possibilidade que tudo tenha acontecido sem o consentimento das autoridades russas. "Não há outra conclusão possível" disse o presidente da comissão sobre a possibilidade de ter havido "doping respaldado pelo governo". A Wada também solicitou a retirada do credenciamento do laboratório antidoping de Moscou. Pound destacou que houve destruição de 1.400 exames pelo laboratório russo, mesmo a WADA tendo pedido para que todos fossem conservados. Os russos são acusados de ter construído até mesmo um laboratório paralelo para onde as amostras seriam enviadas. Apenas aquelas que estivessem limpas seriam repassadas para os laboratórios oficiais e com controle internacional. O atual presidente da IAAF, o britânico Sebastian Coe, já adiantou que irá propor que o Conselho Diretor considere a recomendação de punições à Federação Russa. "A informação da comissão independente é alarmante. Precisamos de tempo para digerir e entender os detalhes das averiguações incluídas no relatório. Pedi ao Conselho que abra o processo para avaliar possíveis punições", afirmou o dirigente. Pouco depois da divulgação do relatório, o ministro dos esportes da Rússia, Vitaly Mutko, afirmou que a Wada "não tem direito" de suspender o país das competições de atletismo. O relatório trata apenas de questões ligadas à Rússia e ao atletismo, mas a Wada deixou claro que "o doping organizado também atinge outros países e outros esportes". A Interpol, por sua vez, anunciou nesta segunda-feira, em Lyon, que vai coordenar a "Operação "Augeas", liderada pela França, para investigar casos de corrupção no atletismo. Na semana passada, o ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo, o senegalês Lamine Diack, que deixou o cargo em agosto, foi indiciado pela justiça francesa por suspeitas de "corrupção passiva e lavagem de dinheiro", sob acusações de ter recebido propina para encobertar os casos de doping na Rússia.

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