terça-feira, 10 de novembro de 2015

Augusto de Campos e Caetano Veloso, os cortesãos do populismo disfarçado de bolchevismo mixuruca

Por: Reinaldo Azevedo 
Ai, ai…

Foi preciso que o próprio Augusto de Campos fizesse justiça a Augusto de Campos e terminasse no Palácio do Planalto seus dias de eterno candidato a intelectual e poeta revolucionários, o que ele, obviamente, nunca foi. O dito “poeta” daquela bobagem chamada “Viva a vaia” — ver abaixo — terminou seus dias batendo palmas para o populismo rasteiro, para o estelionato eleitoral, para a retórica do golpismo de esquerda.


A que me refiro? Nesta segunda, Campos recebeu das mãos da presidente Dilma Rousseff a Ordem do Mérito Cultural. Até aí, tudo bem! Há quem goste das coisas que ele produz. Quem me conhece sabe o que penso do concretismo na poesia: é a síntese perfeita entre a falta de talento e a arrogância sem lastro. Ou por outra: só pode desconstruir o verso quem conhece o verso, o que nunca foi o caso do senhor Augusto de Campos e de seus acólitos. Mário Faustino, que chegou a se interessar por eles na década de 60, logo passou a ignorá-los. Percebeu a fraude. Mas, reitero, há quem goste, e a comenda pertence ao país, não a Dilma. Mas eis que Campos decidiu discursar. Chamou a presidente de “heroína da democracia”, referindo-se ao tempo em que ela pertenceu a movimentos terroristas — tenham paciência ! — e resolveu atacar os que defendem o impeachment. Disse ver a petista, “neste momento, resistir com a mesma firmeza e coragem àqueles que intencionam ingloriamente mal ferir a integridade das nossas instituições democráticas”. Caetano Veloso estava presente, claro!, e também. É aquele rapaz que andou comparando os palestinos ao MST e aos favelados. A Agência Brasil registra seu pensamento: “Pessoas muito interessantes e importantes foram condecoradas hoje à noite, e eu tive a alegria de participar. Isso reafirma o significado do Palácio do Planalto, da Presidência da República, o significado da democracia do Brasil. Isso contou muito. Eu vim por causa dele (Augusto). Esse é um tema dele e meu também”.
Então tá
Há algumas poucas vantagens em ser velho. Aos 54 anos, lembro do tempo em que a trinca do concretismo — Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari — se fizeram notáveis por dar algumas porradas na tacanhice cultural das esquerdas. E olhem que estamos falando de bater na esquerda quando o Brasil era uma ditadura militar. Eu fui esquerdista por um bom tempo, detestava aquela bobajada do concretismo, que me parecia, como é, pura mistificação subintelectual, mas apreciava a coragem da turma. Afinal, eu também reconhecia no esquerdismo, mesmo o mais sofisticado à maneira Antônio Cândido, o viés ideológico turvando a inteligência. E, de fato, Caetano sempre foi próximo da turma — “O avesso do avesso do avesso”, de Sampa, é de Pignatari. O cantor baiano, diga-se, era outro dos odiados pela esquerdalha. Eu apreciava o que me parecia a sua independência intelectual — como gostava, na tenra juventude, do não-alinhamento de Sartre com os comunistas mesmo durante a guerra. 
Covardia
Mas noto que Augusto e Caetano ao menos — dos mortos, não falo (Haroldo e Décio) —, pelo visto, batiam mais na esquerda cultural do que na direita por covardia mesmo, não por coragem intelectual. Com os esquerdistas estão no poder; com uma política cultural (para ficar no campo deles) vesga e aparelhista; com o país mergulhado no maior escândalo da sua história; com a revelação de uma esquema cujo objetivo era assaltar não apenas os cofres, mas também o Estado de Direito, a dupla vai lá render as suas homenagens não a Dilma, mas ao petismo e a tudo o que ele representa. Augusto já havia criado caso com a Folha porque usou o seu poema “Viva a vaia” como mera ilustração numa reportagem sobre as vaias dirigidas à presidente Dilma. Agora está claro por quê. Resolveu terminar seus dias como poeta cortesão. E, bem, ninguém é completo nessa área se não defender alguma forma de censura. Que bom! O concretismo também chegou ao fim. Só queria ser palaciano. Já é. Os concretistas se diziam, como blague, o bolchevismo da poesia. Hoje, estão de joelhos para a poetização do bolchevismo falso e mixuruca.

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