terça-feira, 10 de novembro de 2015

Delator diz que lobista do petrolão se reunia com Renan


Em novo depoimento à Justiça do Paraná, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, voltou a afirmar que o lobista Fernando 'Baiano' Soares mantinha uma relação estreita com o PMDB e se reunia com frequência com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo o delator, a remessa desviada da Petrobras para os peemedebistas foi acertada em uma reunião entre o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) e Baiano. Para os investigadores da Lava Jato, Gomes era laranja de Renan Calheiros no petrolão. "A relação do Fernando Soares com o PMDB é muito estreita e ele me disse que ia várias vezes, que tinha muitas reuniões com o senador Renan Calheiros. Então é provável que ele também tenha colocado recursos para o PMDB. Ele comentou também que teve reuniões com o pessoal do PMDB sobre como fazer a alocação de recursos, e nessa reunião foi dito que os projetos existentes seriam valores alocados ao PP porque já eram projetos existentes. Dos projetos novos, seriam alocados valores para o PMDB", relatou o ex-diretor da Petrobras. Segundo ele, Baiano já operava para repassar dinheiro sujo ao PP, mas como tinha uma "relação muito forte" com o PMDB, disse que valores seriam desviados também aos peemedebistas. "O PMDB, a partir de 2007, começou a me dar apoio. Tive conhecimento de que a partir de determinado momento ia-se pagar propina ao PMDB", explicou. Ao juiz Sergio Moro, o delator listou ainda políticos do PP, PT e do PSDB como destinatários de propina. Nominalmente, apontou pagamento de 10 milhões de reais ao ex-senador tucano Sergio Guerra, morto em 2014, e aos senadores Valdir Raupp (PMDB-RO), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Humberto Costa (PT-PE) e Lindbergh Farias (PT-RJ). Paulo Roberto Costa prestou depoimento nesta terça-feira na ação penal em que executivos do Grupo Andrade Gutierrez são suspeitos de ter desembolsado propina a dirigentes da Petrobras em obras e contratos na Refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG), no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), na Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde (BA), na Refinaria de Paulínia (SP), no Gasoduto Urucu-Manaus, no Centro de Pesquisas (Cenpes) e no Centro Integrado de Processamento de Dados (CIPD), no Rio de Janeiro, no Gasoduto Gasduc III (RJ) e no Terminal de Regaseificação da Bahia. Segundo o delator, o lobista Fernando Baiano operava propinas para a Andrade Gutierrez, já que tinha um "grau de relacionamento e talvez até de amizade" com cúpula da empreiteira. Na companhia, Paulo Roberto Costa disse que discutiu propina com os executivos Rogério Nora, Elton Negrão e Paulo Dalmazzo. Ao longo das investigações, a força-tarefa da Lava Jato conseguiu mapear 243 milhões de reais desviados pela Andrade Gutierrez entre 2007 e 2010 em 106 atos de corrupção ativa, 61 de corrupção passiva, 62 lavagens de dinheiro.

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