quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Em rascunho de delação, Cerveró afirmou que Dilma "sabia de tudo" sobre Pasadena

Na minuta preliminar da sua delação premiada, o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou que a presidente Dilma Rousseff "sabia de tudo de Pasadena" e que ela "me cobrava diretamente". A refinaria, comprada nos Estados Unidos, teve superfaturamento de US$ 792 milhões, na avaliação do Tribunal de Contas da União, e foi adquirida após encaminhamento favorável de Dilma, que na época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras. O acordo de delação foi assinado na última quarta-feira depois que a defesa de Cerveró entregou à Procuradoria Geral da República evidências de que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), tentou, em conluio com o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, fazer com que ele não firmasse colaboração com a Justiça. Delcídio e Esteves foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira. As informações sobre a minuta da delação foram repassadas pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em reunião com o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, e com o filho do ex-diretor, Bernardo, durante a discussão de um acordo em que Cerveró livraria Delcídio e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. Delcídio leu para os participantes a minuta da delação de Cerveró à qual ele teve acesso — documento que era sigiloso. Segundo o senador, Cerveró relatou que Dilma "acompanhava tudo de perto" da refinaria de Pasadena e que fez várias reuniões com ela para tratar do assunto. A delação de Cerveró ainda não foi homologada pela Justiça. Nos seus depoimentos, ele também teria falado que a operação de Pasadena rendeu dinheiro para Delcídio. O senador petista afirmou ainda, na conversa, que conversou com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre um ministro do Superior Tribunal de Justiça, que havia sido indicado em agosto e empossado no fim de setembro. Eles conversavam sobre um habeas corpus para Cerveró e o ex-diretor Renato Duque, também preso, dando a entender que ele daria uma decisão favorável à liberdade deles. "Sobre o STJ, ontem eu conversei com o Zé Eduardo, muito possivelmente o Marcelo na turma vai sair", disse Delcídio. Entre os cerca de 28 anexos que integram a negociação feita entre o ex-diretor da estatal e os procuradores está um sobre o navio-sonda Vitória 10.000. Nele, o executivo diz que parte dos contratos da sua operação teve direcionamento para políticos do PT e do PMDB, entre eles o próprio Delcídio do Amaral e os senadores Jader Barbalho (PMDB - PA) e Renan Calheiros (PMDB - AL). Ele também diz que negócio da sonda foi feito com o grupo Schahin para quitar uma dívida com o PT, versão revelada por outros três delatores. Até o momento, Cerveró não entrou em detalhes sobre os anexos de sua delação. Ele prestou apenas um depoimento na semana passada, poucos dias depois de ser transferido para o Complexo Médico Penal, em, Pinhais, na quinta (12). Seu acordo foi assinado menos de uma semana depois. Segundo pessoas próximas a Cerveró, ele tem se mostrado aliviado desde que fechou o acordo, pois passou a ter data definida para sair da prisão. Ele dele ir para casa no meio de 2016. No entanto, Cerveró não escondeu dos companheiros de prisão o receio do que pode acontecer com familiares, principalmente com o filho Bernardo, que fez gravações de Delcidio do Amaral que culminaram na prisão do senador petista. Ele falou a outros presos que tem receio de retaliações. Também comentou que estava decepcionado com o comportamento do seu advogado, Edson Ribeiro, que participou das negociações. O estado de saúde mental de Cerveró era uma das principais preocupações da família. Diante de duas tentativas frustradas de negociação com a Procuradoria Geral da República, o ex-diretor se mostrava deprimido e com oscilações de humor. Ele também emagreceu cerca de dez quilos.

Um comentário:

lgn disse...

Será apenas ingenuidade de Fernando Henrique Cardoso afirmar que a senhora Dilma é uma mulher honesta? Sabe-se, perfeitamente, que a esquerda tem como foco o poder e, para tanto, usa e abusa de "mal feitos", julgando que a história a considerará imbuída das melhores intenções. Afinal, na reunião da juventude petista, lá estavam as figuras dos heróis brasileiros. Será que um simples cidadão, morador de Novo Hamburgo, tem mais acesso às notícias do que FHC? Quem não gostaria de ter como oposição o PSDB?