sábado, 14 de novembro de 2015

Ex-chefe de polícia francês diz que a França terá de mudar a forma de combate ao terrorismo

A França terá que mudar de estratégia no combate ao terrorismo. Essa é a avaliação de Fréderic Gallois, ex-chefe do GIGN (grupo de operações especiais da policia francesa). A avaliação é compartilhada por políticos da oposição ao governo francês, como o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a líder da Frente Nacional, da  direita, Marine Le Pen. "O modo de operação dos terroristas já era conhecido. Sabíamos como eles iriam agir, mas o que era o fator surpresa era a data exata e o local desses ataques. Por isso, daqui para a frente, devemos adotar uma estratégia abrangente que inclua não apenas as forças do governo, mas também as empresas privadas de segurança e a sociedade civil", afirma Gallois.


O especialista diz que, se agentes de segurança pudessem portar armas, poderiam arcar com a vigilância de prédios e deixar polícia e Exército livres para ações antiterror. Quanto à sociedade civil, o analista disse que é preciso agir "com tato", mas sem "fechar os olhos para o fato de que a ameaça terrorista está ligada a movimentos extremistas islâmicos", enfatizou. "Claro que sabemos que 99% da comunidade muçulmana não tem nada a ver com o terrorismo. No entanto, é notório que esses terroristas são oriundos da comunidade muçulmana. É preciso que a população como um todo fique vigilante", disse. Em discurso na TV, o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, falou em "guerra total" contra o terrorismo. "Nossa política externa tem que considerar que estamos em guerra. Nossa política de segurança interna também necessita de mudanças importantes para que a segurança dos franceses seja garantida", avaliou Sarkozy. Já Le Pen disse ser "indispensável que a França retome o controle das suas fronteiras definitivamente". O estado de emergência decretado no país na sexta-feira pelo presidente François Hollande inclui poderes especiais para que a policia faça ações de busca e apreensão e detenha suspeitos. "Isso vai facilitar as investigações dos ataques e a prevenção de novos atentados. Mas, como o estado de urgência não pode ser mantido indefinidamente, é preciso pensar em de assegurar juridicamente a manutenção desse dispositivo", diz Gallois. Outro ponto de fragilidade da política francesa antiterror é a questão das fronteiras. Na sexta (13), antes dos atentados, o governo estabelecera um controle nas fronteiras do país, com o objetivo de reforçar a segurança antes do início da COP 21, cúpula mundial sobre o clima que começa no dia 30 de novembro. Após os atentados, Hollande chegou a falar em "fechamento das fronteiras", mas comunicado do Eliseu retificou as palavras do presidente e falou em "controle das fronteiras". "Essa talvez tenha sido a principal falha. Esse reforço já deveria ter sido adotado desde os atentados de janeiro", pondera Gallois.

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