sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Fitch vê risco de rebaixamento do Brasil em 2016 por falta de ajuste



Os mercados emergentes deverão enfrentar outra onda de rebaixamento de notas de crédito para o próximo ano, com o Brasil sob risco de ter um corte para grau especulativo e a região da África e Oriente Médio recebendo potencialmente uma "perspectiva negativa", disse o principal analista de ratings soberanos da agência de classificação de risco Fitch, James McCormack. Os preços deprimidos das commodities combinados com o crescimento global medíocre e a aproximação da primeira alta dos juros nos Estados Unidos em quase uma década estão se mostrando uma ameaça para os ratings dos países em desenvolvimento, disse McCormack. A agência já cortou o rating de 12 economias emergentes exportadoras de commodities neste ano, e 14 países, incluindo grandes nomes como Brasil, Rússia, África do Sul e Nigéria, estão atualmente sob alertas de rebaixamento — ou com perspectiva negativa, na linguagem da agência de rating. O próximo ano parece que terá uma história similar. Em outubro a Fitch cortou a nota de crédito do Brasil para "BBB-", último degrau que garante o grau de investimento —espécie de selo de bom pagador. Agora todas as atenções estão voltadas para ver se ela segue a S&P e corta a nota do Brasil para grau especulativo. "Creio que é um padrão em que vamos continuar vendo no próximo ano", disse McCormack. Em setembro, a Standard & Poor's retirou o selo de bom pagador do Brasil ao cortar o rating do país para "BB+" ante "BBB-", e sinalizou que pode colocar o país ainda mais para dentro do território especulativo, ao manter a perspectiva "negativa" para a nota de crédito brasileira. Tal movimento pode retirar mais de US$ 20 bilhões de valor dos títulos brasileiros, prevê o JPMorgan. "O Brasil parece ser o mais vulnerável (a perder o grau de investimento)", disse McCormack, citando a falta de consolidação fiscal do país como a maior causa de preocupações. "Vamos olhar para isso novamente no começo de 2016. Quando as coisas estão se deteriorando, precisamos acompanhar com maior frequência. Faz apenas poucos meses (desde o último rebaixamento em outubro), mas até o momento nós não vimos de fato nenhuma melhora." As expectativas de que o dólar continuará a subir quando a taxa de juros dos EUA começar a ser elevada também são importantes para os ratings de mercados emergentes. "Historicamente não há relação entre o rating médio dos mercados emergentes e a taxa de juros do Fed, mas há uma relação bem próxima entre o dólar e o rating médio dos mercados emergentes", completou McCormack.

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