sábado, 7 de novembro de 2015

Novo porta-voz de premiê de Israel chamou Obama de antissemita


Ele acusou Barack Obama de antissemitismo, sugeriu que o presidente de seu país não era importante o suficiente para ser assassinado e descreveu o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, como tendo a capacidade mental de uma criança de 12 anos. As farpas de Ran Baratz, de 42 anos, em suas páginas de Facebook e internet poderiam ter ficado para sempre na mídia social, não fosse por uma coisa: a indicação do professor de Filosofia como novo diretor de Comunicação do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. Como encarregado da mídia e do contato do chefe de governo com o público, Baratz, indicado para o posto na quarta-feira (4), terá como tarefa melhorar a reputação de Israel no mundo. Isto não é tarefa fácil, porque ele precisará enfrentar a imprensa ocidental, que é majoritariamente esquerdista e pró-islamismo (que é essencialmente antidemocrático, teocrático, ditatorial).  


Mas, poucos dias antes de Netanyahu embarcar em uma visita à Casa Branca, em um esforço para reparar as relações entre os dois governos depois da feroz disputa sobre o acordo nuclear com o Irã, ao qual Israel se opõe, o momento da indicação de Baratz desperta dúvidas. Poucas horas depois de sua indicação, veículos de mídia israelenses localizaram uma série de recortes, frases espalhafatosas no Facebook e artigos escritos por Baratz para veículos noticiosos. Ao que parece, a equipe de Netanyahu não verificou os antecedentes de seu novo integrante. "O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu não estava ciente das coisas que Ran Baratz escreveu, e considera as declarações inapropriadas", afirmou o gabinete do premiê em comunicado divulgado nesta quinta-feira (5). "Baratz deixou claro para o primeiro-ministro que o papel público que vai desempenhar requer que se conduza como um estadista, de modo reservado, algo que ele não era obrigado a fazer como um simples cidadão ao se expressar no Facebook", acrescentou o comunicado. Em texto postado no Facebook em março, Baratz disse que a resposta de Obama a um discurso de Netanyahu diante do Congresso dos Estados Unidos, no qual ele criticou o acordo com o Irã que estava por ser anunciado, "era exatamente igual ao antissemitismo moderno na forma pela qual ele se expressa em países ocidentais e liberais". A Casa Branca não comentou de imediato. Obama disse no discurso que naquele momento era incontestável que o Irã havia repetidamente "se pronunciado de maneira veemente e venenosamente antissemita, inúmeras vezes". No entanto, afirmou o presidente, Netanyahu não oferecia alternativas viáveis" para a questão central, que é como impedir o Irã de obter uma arma nuclear". Em outubro do ano passado, Baratz tomou Kerry como alvo em um artigo no Mida, que se define como "site intelectual e de notícias" dedicado a fornecer informações e opiniões que não prevalecem em outros veículos israelenses de mídia. Baratz definiu como "cômicas" declarações feitas por Kerry por ocasião de um feriado islâmico, quando ele afirmou que líderes do Oriente Médio lhe haviam dito que o conflito entre Israel e Palestina era um fator no recrutamento do Estado Islâmico. "É hora, portanto", escreveu Baratz, "de desejar sucesso ao secretário de Estado e contar os dois anos que faltam no cargo, na esperança de que alguém no Departamento de Estado acorde e comece a ver o mundo pelos olhos de um homem com idade mental acima dos 12 anos". Baratz, que vive em um assentamento na Cisjordânia, também expressou apoio em 2004 à construção de um "terceiro templo" judaico na área que hoje abriga o complexo da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, onde dois templos judaicos da era bíblica um dia existiram. Acusações muçulmanas, negadas por Israel, de que Netanyahu pretende alterar uma decisão há muito em vigor que proíbe orações judaicas no local, uma zona delicada, ajudaram a causar uma onda de ataques palestinos contra israelenses, com punhais e armas de fogo. Onze israelenses foram mortos. Pelo menos 68 palestinos foram mortos a tiros pelas forças israelenses, entre os quais 41 que Israel identificou como agressores. Muitos deles eram adolescentes insuflados pela organização terrorista Hamas. "O desejo de construir o terceiro templo é digno, judaico e sionista em primeiro grau", escreveu Baratz no site noticioso NRG 11 anos atrás, reconhecendo que essas aspirações eram alimentadas apenas por poucos elementos da sociedade israelense. Mas ele acrescentou: "Eu bem queria que encontrássemos uma maneira de construí-lo". Baratz tem razão para suas suspeitas sobre Obama, que é um muçulmano. 

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