terça-feira, 17 de novembro de 2015

Oposição venezuelana vê "confissão de derrota" em ameaça do ditador bolivariano Nicolas Maduro

A Mesa da Unidade Democrática (MUD), coalizão opositora da Venezuela, condenou nesta terça-feira (17) a ameaça do presidente Nicolás Maduro de usar força militar para resistir a uma eventual derrota do chavismo na eleição parlamentar de 6 de dezembro. Em discurso na TV na noite de segunda-feira, Maduro se disse "espiritualmente, politicamente e militarmente pronto para assumir possível derrota" e prometeu reagir "nas ruas" com apoio de milhões de "revolucionários, patriotas, chavistas, bolivarianos". O secretário-geral da MUD, Jesus Torrealba, disse que a declaração do presidente é uma "confissão de derrota". "Esse discurso ameaçador por parte de um presidente de país e de partido mostra que o governismo entendeu que o cenário mais provável é que perca a Assembleia Nacional", afirmou Torrealba.


O oposicionista se refere às pesquisas eleitorais que prevêem por unanimidade uma vitória da oposição na disputa pelos 167 assentos do Parlamento unicameral, hoje sob domínio da coalizão governista. A margem de vantagem da oposição nas sondagens oscila entre 20% e 30%, dependendo da pesquisa. A popularidade de Maduro caiu para 22%, segundo o instituto Datanálisis. A insatisfação com o governo é atribuída a um misto de inflação de três dígitos, desabastecimento generalizado e índices de violência semelhantes aos de um país em guerra. Jornalista de carreira, Torrealba disse que a retórica inflamada por parte do chavismo "não é mais notícia". "Faz 16 anos que o discurso público do governo é assim", afirmou, numa referência a Hugo Chávez, que presidiu a Venezuela de 1999 até morrer de câncer, em 2013, e ser substituído por Maduro. Em outubro, Maduro já havia anunciado que "não entregaria a revolução" e formaria uma "aliança cívico-militar" com simpatizantes em caso de derrota do chavismo. Ecoando a confiança da MUD às vésperas da eleição, Torrealba afirmou que a oposição é uma "força de mudança serena" que, uma vez à frente do Parlamento, buscará "construir convivência, e não alimentar disputas". Analistas como Luis Vicente Leon, do Datanálisis, advertem para o excesso de expectativa da oposição. Devido ao complexo sistema eleitoral que inclui votos por candidatos individuais e por lista, a MUD precisaria de uma ampla vantagem numérica nas urnas para conquistar a maioria simples no Parlamento. Além disso, o antichavismo tradicionalmente tem dificuldades para capitalizar o descontentamento de setores populares que dependem dos programas sociais do governo para se manter.

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