quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Pegos de surpresa, senadores se dizem constrangidos com prisão de líder do governo


A inédita prisão de um senador durante o exercício do mandato causou surpresa nos parlamentares nesta quarta-feira. Líder do governo Dilma Rousseff no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS) foi preso nesta manhã por tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Para os congressistas, a ação da Polícia Federal causa constrangimento ao Parlamento. "É um momento de constrangimento e é uma tragédia para o Senado Federal", resumiu o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO). Ele antecipou que a bancada votará a favor da manutenção da prisão do petista quando a decisão do Supremo Tribunal Federal for analisada em plenário e cobrou um posicionamento formal do Palácio do Planalto. "A presidente da República deveria se pronunciar nesse momento. O Delcídio é líder do governo. Nós estamos vendo uma regra constitucional que nunca foi usada no Brasil ser transformada num fato concreto em um governo do PT", continuou Caiado. O senador petista Paulo Paim (RS) também fez coro ao sentimento de perplexidade: "Todo mundo ficou surpreendido, ninguém imaginava que isso poderia acontecer. É um constrangimento generalizado na Casa", disse. Depois da prisão de Delcídio, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), convocou uma reunião com líderes partidários para discutir os procedimentos da Casa. No encontro, o PSDB defendeu que o plenário julgue ainda nesta quarta-feira, logo após o recebimento dos autos encaminhados pelo STF, a manutenção ou não da prisão do senador petista. "Manter essa questão em suspenso transfere uma situação extremamente grave que circunda um senador da República para todo o Senado Federal", disse Aécio Neves (PSDB-MG). O tucano afirmou ainda que o impacto da prisão de Delcídio respinga no Planalto. "Tudo que diz respeito à Lava Jato está umbilicalmente ligado ao Palácio do Planalto. Não se montaria um esquema desse vigor, como as denúncias a cada dia confirmam, se não houvesse o beneplácito do governo, até porque foi ele o principal beneficiário de todo esse esquema", disse. Líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP) defendeu que o plenário mantenha a decisão do Supremo. "Eu defendo que o Senado analise as provas e proceda de forma que não obstrua qualquer investigação por parte da Justiça. Em um Estado democrático de direito não existe presidente, senador ou deputado. Existe a lei e o império da lei acima de tudo. O Senado não pode deliberar em contrário", afirmou.

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