terça-feira, 24 de novembro de 2015

Se Bumlai fez alguma coisa, não foi com meu aval, disse Lula a aliados, já entregando o amigão


Assessores diretos do ex-presidente Lula X9 (ele delatava companheiros para o Dops paulista, durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de Reputações") insistiram nesta terça-feira (24) na tese de que ele foi surpreendido pela prisão de José Carlos Bumlai, de quem é amigão, pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato. A interlocutores, o ex-presidente tem repetido: "se ele (Bumlai) fez alguma coisa, não foi com meu aval", já tratando de entregar o amigão à sua própria sorte e apartar-se dele. Segundo o discurso de um colaborador de Lula, "não se pode nem confiar no que o marido faz, o que dirá um amigo". Apesar da preocupação, a recomendação é que se acompanhe com calma o desdobramento das investigações. Na opinião de auxiliares, há conflito de informações. De acordo com as investigações, a suspeita é que Bumlai tenha repassado ao PT o dinheiro de um empréstimo efetuado junto ao Banco Schahin. Delator na Lava Jato, Salim Schahin, do grupo homônimo, diz que o empréstimo não foi pago. A quitação, escreveu o juiz Sergio Moro, se deu por meio da contratação do grupo Schahin para operar o navio-sonda Vitória 10.000, de US$ 1,6 bilhão, cujo negócio teria sido intermediado pelo pecuarista. Bumlai nega e diz que quitou a dívida com embriões de gado. De acordo com representantes do grupo Schahin, para provar que falava sério, Bumlai marcou um encontro entre os executivos do banco e o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que atualmente cumpre pena por sua participação no esquema do Mensalão. A vinculação entre o empréstimo do Schahin a Bumlai e o contrato do navio-sonda já tinha sido feita antes por outros delatores da Lava Jato, incluindo o lobista Fernando Soares, o Baiano, e o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa, que disse ter recebido da Schahin propina de US$ 720 mil no Exterior. Representantes do grupo Schahin que fecharam acordo para colaborar com as investigações indicaram que o aval de Lula foi decisivo para que o grupo conseguisse o contrato bilionário do navio-sonda Vitória 10.000. O juiz Moro, porém, diz que não há evidências da participação de Lula em episódios nos quais Bumlai teria usado a sua amizade com o ex-presidente. "Destaco o que parece mais relevante. Fernando Soares relatou outros três episódios nos quais José Carlos Bumlai teria invocado indevidamente o nome e a autoridade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva", afirma o juiz no despacho.

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