terça-feira, 1 de dezembro de 2015

BTG despenca 8,5% na Bolsa e já perdeu R$ 9,4 bilhões em valor desde prisão a prisão do seu dono, André Esteves


As ações do BTG Pactual despencaram 8,53% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nesta segunda-feira, após surgirem indícios de transação suspeita entre o banco e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e depois de a prisão do sócio André Esteves ser convertida em preventiva, sem prazo para terminar. Foi a quarta queda consecutiva dos papéis do banco desde a detenção de Esteves, na quarta-feira passada. A perda acumulada no período foi de 32,3%, ou aproximadamente R$ 9,4 bilhões em valor de mercado. O índice de referência Ibovespa recua 1,64%, aos 45.120 pontos. Já o dólar comercial fechou em alta de 1,64%, cotado a R$ 3,885 para compra e a R$ 3,887 para venda. Na máxima, a moeda atingiu R$ 3,923. Desde 29 de outubro, há um mês, o dólar não operava nesses patamares. Tanto a Bolsa quanto o câmbio reagem à expectativa de piora no cenário político-fiscal por causa de novas revelações da operação Lava-Jato e do contingenciamento de mais de R$ 10 bilhões em gastos pelo governo federal. A Vale caiu 0,98% (ON) e 4,06% (PN), depois de o governo ter afirmado, na sexta-feira, que a companhia poderá ser punida em R$ 20 bilhões pelo rompimento da barragem de Mariana (MG). No setor bancário, o Banco do Brasil recuou 5,78%, e o Bradesco, 2%. O Itaú Unibanco teve alta de 0,80% Os papéis da Petrobras registraram alta de 0,86% (ON, com direito a voto) e 0,92% (PN. sem voto). A maior contribuição para a queda da Bolsa veio, porém, da JBS, que recuou 7,73% no dia em que a “Folha de S. Paulo” publicou notícia dizendo que o TCU suspeita de irregularidades nos aportes do BNDES na empresa de processamento de carnes, o que teria causado prejuízo de R$ 848 milhões ao banco de fomento — que nega irregularidades. Divulgado na noite de domingo, um documento apreendido pela Polícia Federal (PF) na casa do chefe de gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira, traz anotações sobre uma suposta transação entre o BTG Pactual e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O documento faz menções a habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, no verso, consta um texto sobre suposta compra de emenda numa medida provisória que favoreceria o BTG. Em troca, conforme a anotação, Cunha teria recebido R$ 45 milhões, dinheiro que também se destinaria a outros parlamentares do PMDB. Em nota distribuída no domingo, BTG Pactual negou qualquer transação. Na noite de domingo, André Esteves renunciou aos cargos de diretor executivo e presidente do conselho de administração do BTG Pactual, após a transformação de sua prisão temporária em preventiva (sem prazo determinado). A informação foi oficializada por meio de nota distribuída pela direção do banco. O economista e ex-presidente do Banco Central, Persio Arida — que assumira a direção interina da instituição na quarta-feira passada, dia da prisão de Esteves — passará a ocupar a presidência do conselho de administração. O vice-presidente será John Huw Jenkins, diretor do BTG baseado em Londres. Já a direção executiva do banco de investimentos passará a ser compartilhada entre Marcelo Kalim (atual diretor financeiro) e Roberto Sallouti (chefe da divisão de gestão de ativos do banco). O BTG começou a fazer a venda apressada de uma série de ativos, de empresas nas quais tem participação ou controle, com grandes deságios. Muitas empresas, nas quais o BTG tinha desalojado seus antigos donos, os mesmos voltarão ao poder, e agora já livres das dívidas com o banco de André Esteves. 

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