sábado, 19 de dezembro de 2015

Janot, a Vovó Mafalda de Dilma, não brinca em serviço: Temer está com a cabeça a prêmio

Por Reinaldo Azevedo - Cada um tem seus orgulhos, né? Um dos meus é jamais ter caído na conversa de Rodrigo Janot. Aquele que não tem coragem de pedir nem mesmo um inquérito contra Lula e Dilma. “Ah, contra Dilma, não pode; a Constituição proíbe…” Bem, é mentira. Afirmá-lo é má-fé ou ignorância. A questão que está nas ruas hoje, compartilhada por todos os brasileiros, não importa a faixa de renda, é esta: “Mas, com Michel Temer, seria melhor?”. Resposta: fácil não seria. Mas é evidente que o País tenderia a encontrar mais cedo a porta de saída. A crise que temos hoje é também de confiança. Que vai se agravar com a nova dupla que cuidará da economia. 
E Janot com isso?
Bem, além de não ter movido uma palha contra Lula e Dilma, ele atua de forma diligente para que se espalhe nas ruas a versão de que, com Temer, seria a mesma porcaria ou ainda pior. Esse é o sentido da fase “Catilinárias” da Lava-Jato — nome, de resto, que denota uma supina ignorância sobre história antiga e contemporânea.
A dita nova fase tem um só objetivo: desmoralizar o PMDB. “Ah, mas não pode?” Se for merecido, pode. Mas alguém acredita que o partido esteve no centro do petrolão? Tenham paciência! Agora vem a público a informação de que Janot reuniu indícios de que Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, teria pagado R$ 5 milhões a Michel Temer. Ou, nos termos do documento assinado por Teori Zavascki para autorizar mandados de busca e apreensão: "Eduardo Cunha cobrou Leo Pinheiro por ter pago, de uma vez, para Michel Temer a quantia de R$ 5 milhões, tendo adiado os compromissos com a ‘turma'”. Informa ainda a Folha: “Na sequência da troca de mensagens, via Whatsapp, Pinheiro pediu a Cunha ‘cuidado com a análise para não mostrar a quantidade de pagamentos dos amigos’. A conversa estava armazenada no celular do dono da OAS, apreendido em 2014”. 
Vamos ver
A assessoria de Temer negou que o vice, também presidente do PMDB, tenha recebido recursos ilícitos. Apresenta as provas de que a OAS doou ao partido R$ 5,2 milhões, valor parecido o que aparece na troca de mensagens. E tudo está declarado ao TSE. A Folha informa que a PGR não vai comentar o caso porque “os autos da Operação Catilinárias correm em segredo de Justiça”.
Heeeiiinnn? Segredo de Justiça? E a coisa já está em toda parte?
Ora, é evidente que tanto a operação, na forma como foi feita, como esse vazamento buscam desmoralizar o PMDB como alternativa de poder. E, não sendo o PMDB, então é PT mesmo, não é?, a menos que prospere a ação que está no TSE, que pede a cassação da chapa eleita em 2014. Mas, se acontecer, não vai ser pra já.
Cabeça a prêmio
A cabeça do vice está a prêmio. No Congresso, o neogovernista fanático Renan Calheiros, INVESTIGADO EM SEIS INQUÉRITOS DA LAVA JATO QUE NÃO ANDAM, decidiu agora fazer de Temer também um “pedalador”. Não só isso: na Câmara, Leonardo Picciani lidera uma revolta. No Ministério Público Federal, a “Catilinárias” busca desmoralizar o PMDB como alternativa de poder, e, mais precisamente ainda, arrastar Michel Temer — mas nunca Lula ou Dilma — para o centro do furacão. É tudo parte da Operação Fica Dilma.
Como sempre afirmei aqui — e não pensem que estou feliz em ter estado certo este tempo todo —, o rigor que o Ministério Público Federal e Janot em particular tentam demonstrar com empreiteiros para excitar o espírito justiceiro não passa de cortina de fumaça para esconder a proteção a Dilma e Lula. 
Está demonstrado mais uma vez.
Janot está conseguindo fazer aquilo que eu sempre disse — consultem o arquivo — que ele queria fazer: transformar o petrolão numa armação de empresários malvados com políticos cúpidos, retirando da questão o seu caráter de crime contra o Estado, promovido por um partido: o PT! 
Na verdade, ele está indo até mais longe! Age para transformar o PMDB, hoje o maior adversário do petismo, na verdadeira legenda criminosa.
Vovó Mafalda não brinca em serviço.
Essa caca toda jogada no ventilador tem vários endereços:
1 - as ruas — para desarmar os espíritos contra Dilma, essa pobre vítima!;
2 - o Congresso — para evidenciar que o impeachment não é uma saída;
3 - o mercado e o empresariado — para demonstrar que Temer não é o “homem que une o país”.
Essa é a natureza do jogo!
Você quer mais três anos de Dilma? Vá para a rua e leve um retrato de Janot e grite que ele é seu herói.
E se…?
“Ah, Reinaldo, e se Janot decidir investigar Lula para valer e pedir ao menos a abertura de um inquérito contra Dilma?” Respondo: se e quando ele fizer isso, aí eu penso, tá bom?

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