sábado, 12 de dezembro de 2015

Liderança nas pesquisas faz rivais e imprensa levarem Donald Trump a sério


"Queria te perguntar algumas coisas sobre o Donald Trump", disse o apresentador Seth Meyers em entrevista a Hillary Clinton no programa "Late Night", na última quinta-feira (10). "Primeira pergunta: você já ouviu falar dele?", zombou. A pré-candidata democrata cortou Meyers. "Olha, preciso dizer uma coisa. Não acho mais engraçado. Ele foi longe demais". 


Três meses atrás, a postura era outra. Hillary embarcou num longo esquete do programa "Saturday Night Live" em que simulava falar com Trump ao telefone e riu quando o imitador do ex-apresentador de tevê perguntou "muro ou muro gigante?" como política de imigração. A mudança de tom se dá depois de o líder na disputa pela nomeação republicana defender, na segunda-feira (7), barrar a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos.  Ao longo desta semana, a pré-candidata, que lidera com folga a corrida pela nomeação democrata, repetiu que a fala de Trump "não é apenas vergonhosa, é perigosa" e disse que ele incita "preconceito e paranóia". Uma das principais assessoras de Hillary, Huma Abedin distribuiu e-mail para apoiadores dizendo ser uma "muçulmana orgulhosa" e lamentou as frases:"Infelizmente, Trump está inclinado ao tipo de medo do progresso que pode, muito bem, ajudá-lo a vencer a nomeação". Não é apenas a campanha de Hillary que parece ter começado a levá-lo mais a sério. Trump está em primeiro lugar nas intenções de voto há meses, com um breve intervalo em que o médico Ben Carson despontou, segundo algumas pesquisas. Faltando dois meses para o início das primárias, 70% dos eleitores com tendência a votar nos republicanos apostam que Trump será o candidato, e 66% deles concordam com a proibição à entrada de muçulmanos, segundo estudo do Rasmussen Reports divulgado nesta sexta-feira. O site "Huffington Post" reverteu decisão de julho e voltou a noticiar Trump na seção de política. "Como o comentário depravado demonstrou, sua campanha se tornou outra coisa: uma força feia e perigosa na política americana. Então, não cobriremos mais sua campanha (na seção de) entretenimento. Mas isso não quer dizer que vamos tratá-la como normal", escreveu Ariana Huffington, dona do site. A Casa Branca defendeu, na terça-feira (8), que Trump "se desqualificou"como potencial candidato. O que ele disse é "moralmente repreensível" e "traz consequências para a nossa segurança nacional", afirmou o porta-voz da administração do muçulmano Barack Obama, Josh Earnest. Outros republicanos engrossaram as críticas e, ironicamente, o bilionário voltou a ameaçar disputar a Presidência como independente. Ele cogitava a hipótese quando ainda era tratado como galhofa, mas em setembro assinou um termo prometendo não se candidatar fora do Partido Republicano. Se cumprir a ameaça, descumprirá a promessa feita a seus aliados do momento. Uma parte do partido Republicano americano tem discurso completamente dominado pela esquerda. 

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