quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Militares brasileiros criticam impasse em relação a embaixador de Israel


A decisão do governo petista de Dilma Rousseff de postergar indefinidamente a aprovação do novo embaixador israelense no País, Dani Dayan, está sendo considerada um erro estratégico por militares brasileiros. Segundo um integrante de alto escalão das Forças Armadas, o impasse diplomático pode atrapalhar a transferência de tecnologia entre os dois países, fundamental em alguns dos contratos militares. "É falta de visão geopolítica e de objetividade de ações. Para as Forças Armadas, ficou uma situação muito sensível, pois nossa parceria com empresas israelenses de alta tecnologia é muito grande. Israel é um dos poucos países com transferência total de 'know how' total, inclusive com os 'keys codes' (códigos-chave) dos armamentos", afirmou o militar. Desde agosto, o governo brasileiro ignora a indicação do argentino naturalizado israelense Dayan, de 60 anos, como o embaixador designado por Israel. O motivo seria o fato de Dayan ter presidido, de 2007 e 2013, o Conselho Yesha, que representa 500 mil colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental (o regime petralha se opõe à existência desses assentamentos). 


Além disso, a presidente Dilma Rousseff teria ficado irritada com o fato de que a nomeação de Dayan foi anunciada primeiro no Twitter de Netanyahu e não diretamente ao Itamaraty. Segundo o membro das Forças Armadas, só a França repassa e revela tecnologia de maneira tão aberta ao Brasil, mas a um "custo três vezes maior". Um dos contratos em andamento, atualmente, prevê equipar as torres de tiro do VBTP-MR Guarani (veículo blindado de transporte de pessoas) com canhões de 30mm de uma das maiores empresas de armamento israelense. Também há uma latente cooperação de segurança entre os dois países às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Para tentar reverter o problema diplomático em relação a um país considerado aliado, alguns congressistas brasileiros consideram agir em defesa da nomeação de Dani Dayan. Mas ainda não há consenso sobre se uma campanha ajudaria ou não a desatar o nó ou apenas aprofundaria o impasse. Em novembro, uma lista de 200 assinaturas de judeus contra a nomeação de Dayan foi entregue pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS) à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara. Há três meses, dezenas de parlamentares de partidos de esquerda assinaram uma petição contra a indicação. Em Israel, há muita discussão de bastidores sobre o assunto. Alguns membros da comunidade diplomática defendem que Israel entenda a mensagem do Itamaraty, aponte outro nome para a embaixada em Brasília e indique Dayan para outro cargo no Exterior. Outros acreditam que, pelo contrário, a chancelaria israelense deve insistir na nomeação — pelo menos pelos próximos meses — por uma questão de princípios. "O Brasil está tratando Dayan como um cidadão de segunda classe por causa de onde ele mora e do que ele pensa. Mas ele foi indicado por um governo eleito democraticamente. Irá representar esse governo, que defende a solução de dois Estados para dois povos", disse um diplomata. Até esse incidente, o relacionamento entre Israel e Brasil começava a melhorar depois da crise diplomática de 2014, quando o governo Dilma chamou de volta, para consultas, o embaixador do Brasil em Tel Aviv para protestar contra a guerra entre Israel e o grupo terrorista islâmico Hamas, da Faixa de Gaza. Na ocasião, o ex-porta-voz do escritório do primeiro-ministro, Yigal Palmor, chamou o Brasil de "anão diplomático" por causa da decisão de Dilma.

Um comentário:

Cristiano disse...

Se ele fosse um terrorista anti-Israel, daí sim, ele seria convidado até para chefiar a zona da unasul.