sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Petroleiras esperam novos leilões do pré-sal no ano que vem

O Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) espera que o governo realize no ano que vem leilões de jazidas do pré-sal já descobertas que se estendem para fora dos contratos de concessão. Pelos cálculos da entidade, há reservas entre 1,6 bilhão e 2 bilhões de barris hoje nesta situação. São cerca de 20 áreas, que compreendem pedaços de reservatórios que se estendem para fora dos blocos concedidos em leilões passados. Como estão em áreas não concedidas, as reservas pertencem à União. Segundo a lei, essas áreas devem ser licitadas no regime de partilha da produção, que prevê uma fatia mínima de 30% para a Petrobras. A Folha antecipou em outubro que o governo estudava acelerar estes leilões para ajudar a levantar recursos. "É razoável esperar que leilões ocorram no próximo ano, se todas as questões regulatórias forem acertadas. É imperativo para dar uma resposta a quem comprou blocos e, do ponto de vista do país, é importante porque destrava investimentos", disse o secretário executivo do IBP, Antônio Guimarães, após evento no Rio. Atualmente, há um grupo de trabalho envolvendo ministérios e órgãos ligados à indústria do petróleo discutindo o modelo de licitação e termos dos acordos de individualização das áreas (como fazem parte de jazidas já concedidas, a exploração deverá ser feita em conjunto com o concessionário atual, a partir de um acordo que define a partilha dos investimentos e da produção futura). Enquanto os acordos não forem assinados, diz Guimarães, o projetos correm em ritmo lento por falta de definição sobre as responsabilidades de cada sócio. "Alguns estão até parados", disse. O IBP defende o fim da exclusividade da Petrobras na operação do pré-sal, com o objetivo de garantir o investimento enquanto a estatal enfrenta crise financeira. O tema é parte de uma agenda mínima para a indústria do petróleo lançada este ano em parceria com entidades ligadas a fabricantes de equipamentos, que ainda pedido mudanças nas regras de conteúdo local e no licenciamento ambiental de áreas para exploração de petróleo. Guimarães argumentou que o setor de petróleo tem grande potencial de investimentos, que podem ajudar no processo de recuperação da economia. Em apresentação no evento, o professor do Instituto de Economia da UFRJ e ex-diretor do BNDES, Ernani Torres, ressaltou que o petróleo representa 56% do investimento industrial no Brasil, segundo contas do banco de fomento. Ele lembrou que, em sua última projeção de investimentos, a instituição apontou uma queda de 29,5% na estimativa de aportes no setor, que passou de R$ 458 bilhões entre 2014 e e 2017 para R$ 353 bilhões entre 2015 e 2018. "O BNDES deve divulgar nova revisão no início do ano que vem e o número deve vir ainda menor", afirmou.

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