quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Romário diz a Del Nero que ele e outros dirigentes são "câncer" do futebol


O presidente da CPI do Futebol do Senado, o ex-jogador Romário (PSB-RJ), fez uma inquirição dura ao presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, suspeito de corrupção e indiciado pelo governo americano. Romário interpelou Del Nero em audiência pública que ocorreu nesta quarta-feira. O senador disse a Del Nero que o dirigente é mal visto no futebol e uma das pessoas que mais fazem mal ao esporte. Romário recomendou a Del Nero, a quem chamou de corrupto, ladrão e mentiroso, que se afaste de vez da CBF. "Estamos numa expectativa de mudança do futebol. O senhor é uma pessoa muito mal vista no futebol. É uma das pessoas que mais fazem mal ao futebol brasileiro e mundial. Queria dizer em público, para que o senhor se retirasse definitivamente da CBF, para, daqui para frente, termos uma CBF honesta, não corrupta, séria e que possa ajudar o futebol e a seleção. Infelizmente, esse atos de corrupção... o senhor, o senhor Ricardo Teixeira, o José Maria Marin e outros aliados são o câncer do nosso futebol", disse Romário, no final de sua arguição. Quando a palavra voltou a Del Nero, ele não rebateu os comentários. Os ataques a Del Nero continuaram. Romário e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) questionaram Del Nero por que ele deixou a Suíça quando se deu a prisão de Marin, então presidente da CBF, em maio deste ano. Del Nero já era presidente da CBF na ocasião. O dirigente respondeu que era melhor estar no Brasil naquele momento, que nada podia fazer lá. 
— Por que não ficou lá na Suíça? — perguntou Romário.
— Entendi que era melhor estar no meu país. O que podia fazer na Suíça por ele? Tenho que cuidar do nosso país, da CBF. Não poderia fazer nada lá. Não sou advogado — disse Del Nero.
— O senhor foi lá passear — ironizou Romário.
O senador Randolfe Rodrigues perguntou por que Del Nero não viajou mais ao exterior, nem com a seleção, depois da prisão de Marin e de seus indiciamentos nos Estados Unidos.
— Fui aconselhado por meus advogados — respondeu o dirigente licenciado.
— Ora, por que ele não viajou mais para o exterior é sabido. Vossa Excelência está subestimando a inteligência dele (de Del Nero) — interveio o senador Magno Malta (PR-ES).
Del Nero foi indagado se tinha medo de ser preso.
— Não há motivo para eu ser preso — afirmou.
Romário comentou a resposta, atacando-o:
— Como não?! Motivos têm vários. Corrupção, formação de quadrilha. Como não? Além de ser corrupto, é ladrão e mentiroso.


Marco Polo Del Nero disse que é amigo de Marin e afirmou que até agora não há culpa formada contra ele.
— Não sei (se Marin é culpado ou inocente). Pode ser que sim, não sei. Pode ser que as provas estejam equivocadas. Temos que esperar transitar para considerar culpado.
— Mas ele está preso? — lembrou Romário.
— Não quer dizer que seja culpado. Não está condenado — devolveu Del Nero.
Na saraivada de perguntas pesadas dos senadores, Del Nero é questionado por Romário se ele tem conta no Exterior. Na resposta, Del Nero usou de ironia.
— Não tenho conta no Exterior. Nem trust — respondeu Del Nero, provocando risadas, numa alusão indireta ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que negou na CPI da Petrobras ter conta no Exterior mas, depois revelou-se, mantinha operações de trust na Suíça. 
Os senadores questionaram Del Nero por que há quatro deputados federais que são dirigentes na CBF.
— Eles gostam de futebol — respondeu Del Nero.
— Minha mãe também gosta — disse Romário.
— Se o critério for esse, temos 200 milhões de brasileiros aptos a serem diretores da CBF — afirmou Randolfe Rodrigues.
— Não basta gostar, mas se interessar — concluiu Nero.
O ex-dirigente respondeu a perguntas sobre patrimônio pessoal e movimentações financeiras. Ele fez várias entregas de dinheiro em espécie, que chamou a atenção dos senadores.
— O Real é a moeda corrente. Não é proibido. Mas tem origem esse dinheiro. Depois que recebi, faço o que bem entender.
Randolfe perguntou se ele tem aversão a movimentação bancária.
Del Nero respondeu:
— Algumas vezes, sim. Outras vezes, não.

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