terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Temer convoca Executiva do PMDB para impugnar aliado de Picciani



Em uma contraofensiva ao Palácio do Planalto, o vice-presidente Michel Temer decidiu reunir a Executiva Nacional do PMDB na quarta-feira (16) para evitar que o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) retorne à liderança do partido na Câmara dos Deputados. A pedido do presidente da Casa Legislativa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a reunião foi marcada para impugnar a filiação à legenda do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ),movimento costurado pelo governo para fortalecer o apoio na bancada do partido ao parlamentar carioca. Côrtes registrou-se no diretório do PMDB do Rio de Janeiro e tentou se inscrever nesta segunda (14) como integrante da bancada peemedebista na Câmara. Temer já havia pedido à presidente Dilma Rousseff que o governo não interferisse em questões internas do PMDB, mas auxiliares da petista disseram que não iriam frear o movimento, o que irritou o vice, Cunha e a cúpula do partido. Na semana passada, Temer orientou a cúpula do partido a proibir a filiação de parlamentares que tenham como propósito fortalecer a tentativa de recondução de Picciani. A estratégia é blindar a bancada federal e o novo líder do partido, Leonardo Quintão (MG), que conta com o apoio do vice-presidente. Aliado da presidente Dilma Rousseff, Picciani foi destituído na semana passada, quando 35 dos 66 integrantes da bancada federal assinaram documento pedindo sua saída. O parlamentar carioca tenta agora recuperar apoios e quer apresentar até o final da semana nova lista com a assinatura de mais da metade da bancada do partido. Com dificuldades de conseguir reverter apoios, o Planalto iniciou movimento para enfraquecer a legitimidade do atual líder à frente do PMDB na Casa Legislativa. A pedido do governo federal, os ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) atuam para convencer deputados a retirarem assinatura do abaixo-assinado que levou o mineiro ao posto, mesmo que eles não declarem apoio ao carioca. A estratégia é torná-los neutros na disputa interna, diminuindo a base de apoio de Quintão e, assim, estimulando traições que fortaleçam o retorno de Picciani. Na tentativa de enfraquecer o novo líder, o governo também tem trabalho para isolá-lo. Em oposição a Picciani, que participava de todas as reuniões com a base aliada no Planalto, o mineiro não é chamado para os encontros semanais com o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, para discutir a pauta da semana no Congresso Nacional. A avaliação de auxiliares e assessores da presidente é de que, por ter o apoio de setor do partido favorável ao impeachment da petista, Quintão não é "confiável" e inseri-lo nas reuniões semanais seria "entregar a estratégia para o inimigo". A ofensiva do Planalto estimulou peemedebistas a defenderem a antecipação de março para janeiro de convenção nacional da legenda que discutirá o rompimento do PMDB com o governo. Para mudar a data, o regimento interno do partido prevê dois dispositivos: a convocação extraordinária pela Executiva Nacional do PMDB ou por pelo menos um terço (nove de 27) dos diretórios estaduais do partido. O grupo favorável ao impeachment diz já ter a assinatura de dez diretórios estaduais, entre eles Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Bahia e Pernambuco. Eles pretendem tomar uma decisão até quarta-feira (16), quando a Suprema Corte deve discutir o rito do processo de afastamento da petista. "Eu espero que a convenção nacional do partido seja antecipada. O PMDB tem de discutir se permanece ou sai do governo federal. É melhor do que ficar nesse jogo de confusão para lá e para cá", disse Cunha.

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