quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Teori autoriza novas investigações contra Renan e Delcídio na Lava Jato


O ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki autorizou nesta terça-feira (1º) a abertura de dois novos inquéritos para apurar a ligação de congressistas com o esquema de corrupção da Petrobras. No primeiro, serão investigados o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os senadores Delcídio do Amaral (PT-MS) e Jader Barbalho (PMDB-PA). Em outro, a apuração envolve Renan, Jader e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), apontado como interlocutor do presidente do Senado na Lava Jato. Os parlamentares serão investigados por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Teori atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República. As novas linhas de investigação envolvendo os congressistas foram motivadas por um processo mantido no sistema oculto do Supremo, procedimento que tem sido adotado para a tramitação de delações premiadas que estão em sigilo. Os quatro parlamentares negam ligação com os desvios da Petrobras. Uma das delações que citam os três senadores é do lobista Fernando Soares, o Baiano. O delator – que também apontou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como beneficiário de propina – disse que Delcídio recebeu US$ 1 milhão ou US$ 1,5 milhão, fruto de suborno pago com recursos desviados da compra da refinaria de Pasadena (EUA). Baiano disse que Delcídio recebeu o dinheiro para pagar a sua campanha nas eleições para o governo de Mato Grosso do Sul, em 2006. Ainda de acordo com Baiano, Delcídio recebeu propina por ter endossado a indicação de Nestor Cerveró – este já condenado na Lava Jato – para a direção Internacional da Petrobras. Além de Delcídio, Fernando Baiano mencionou que Renan Calheiros, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau –indicado na época pelo PMDB– também se beneficiaram do esquema de corrupção. Ele teria apontado que US$ 4 milhões foram desviados de um contrato de navios-sonda para pagamentos que chegaram posteriormente a US$ 6 milhões. O delator comentou que as operações foram completadas pelo lobista paraense Jorge Luz, entre 2006 e 2008. Esse é o quinto inquérito aberto para investigar as supostas ligações de Renan com a Lava Jato – sendo que cada um tem objetivo de investigar fatos diferentes. Esse é o segundo inquérito de Delcídio, sendo que o primeiro foi aberto na semana passada, depois que o senador acabou preso acusado de participar de uma trama para atrapalhar as investigações do esquema de corrupção da Petrobras. Jader será alvo de dois inquéritos. Ao todo, o Supremo investiga 68 pessoas, sendo 14 senadores, 23 deputados, o ministro de Estado Edinho Silva (Comunicação) e o ministro do Tribunal de Contas da União, Raimundo Carreiro. Nesta terça, o procurador-geral de República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de mais um inquérito contra Delcídio. Não há detalhes sobre o caso. Teori ainda vai avaliar a solicitação da Procuradoria. Quando a Procuradoria Geral da República pediu a abertura dos inquéritos nesta segunda (30), Renan soltou nota onde informou que "reitera que suas relações com as empresas públicas nunca ultrapassaram os limites institucionais". "O senador já prestou os esclarecimentos necessários mas está à disposição para novas informações se for o caso", diz o texto da nota. Já Barbalho, também nesta segunda, afirmou desconhecer os termos do pedido de abertura de inquérito e, por isso, não poderia comentar a ação da PGR. Segundo Barbalho, ele não conhece o lobista Fernando Baiano e não tem nenhum tipo de relação com outros citados pela Operação Lava Jato.

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